quarta-feira

Movimento de Cultura Popular do Subúrbio


Remanescente do Quilombo Urubu, a comunidade de São Bartolomeu tem uma população de mais de 3.300 moradores, composta em sua maioria de afro-descendentes. Marcado pela pobreza, o bairro tem um alto índice de desemprego, principalmente entre a população mais velha. Pensando nisso, o Movimento de Cultura Popular do Subúrbio (MCPS), que antes trabalhava somente com grupos de cultura, decidiu ampliar a sua atuação também para gerar emprego e renda para a comunidade de São Bartolomeu. O resultado foi a criação do projeto Moda Afro-Cidadã, que deste o início do ano está beneficiando 38 mulheres negras das comunidades de São Bartolomeu e Rio Sena, localizadas na região do Subúrbio Ferroviário de Salvador, no estado da Bahia. As comunidades fazem parte do grupo de 200 terreiros e comunidades quilombolas que, em 2007, foram incluídos no Projeto Empreendedores da Economia Solidária, impulsionado pelo Sebrae/Bahia. De acordo com o coordenador do MCPS, Raimilton Carvalho, o projeto se encontra em fase de conclusão, uma vez que um de seus objetivos principais, que era dar sustentabilidade ao empreendimento, está prestes a ser conquistado. Segundo ele, as produtoras receberam, ao longo do ano, oficinas de capacitação em costura, modelagem e corte, facilitadas por uma estilista contratada pelo projeto. "Agora as mulheres já estão produzindo e comercializando em feiras e na própria comunidade", comemora Raimilton. O empreendimento entra no mercado com a proposta de oferecer uma moda voltada para o público afro-descendente, ramo ainda pouco explorado pelo setor de confecção. "Apesar de 82% da população de Salvador ser de afro-descendentes, as confecções voltadas para a moda afro ainda são muito acanhadas", diz o coordenador. Outra particularidade do empreendimento é a forma como as mulheres trabalham para produzir suas peças. Segundo Roberta Barbosa dos Santos, uma das participantes do projeto, "todas participam de tudo". Se um dia alguém está no setor de corte, no dia seguinte pode estar trabalhando com as máquinas ou até mesmo na administração do empreendimento. Isso, conforme explicou Roberta, faz do Moda Afro uma espécie de empreendimento "sem-patrão". No período de 7 a 11 de novembro, durante a participação do empreendimento da Feira da Mulher, realizada em Salvador, as produtoras puderam ter a primeira resposta do público. "Nós tivemos uma boa aceitação. Já recebemos até encomenda", conta Roberta. A idéia agora é conseguir transformar o empreendimento em uma cooperativa solidária e conseguir um espaço fixo onde possam ser comercializados os produtos confeccionados

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