Desde que o primeiro negro foi feito escravo no continente africano e trazido para o Velho Continente Europeu e para o recém descoberto Continente Americano, a humanidade conheceu uma saga até hoje pouco registrada e reconhecida, que significou uma fantástica transformação cultural no mundo inteiro. Milhões de negros se seguiram, desde o século XV até o século XIX, ao primeiro negro que pôs os pés em nosso continente como escravo. Traficados nos porões escuros dos navios negreiros, eles nos trouxeram luzes que ainda precisam ser melhor focadas e reconhecidas pela contemporaneidade. A raça humana pode resgatar na grandeza da história dos escravos uma cultura de libertação e afirmação que acaba por trazer, à história do próprio homem no planeta, valores intangíveis, que a tangibilidade desta trajetória, deixada nos objetos de arte e trabalho e inúmeros documentos históricos, testemunha em quase todo o mundo.
Mas é na América e no Brasil que se pode perceber com toda grandeza o “quantum” desta contribuição e a sua natureza, condições decisivas para que tenhamos no presente a perspectiva de uma civilização singular e única. Apesar de perceptível esta participação tem sido negada e silenciada.Daí a importância da criação de um Museu Nacional da Cultura Afro Brasileira que vem se juntar ao esforço de “pensadores e estudiosos da vida brasileira que não escamoteiam a relevância formidável da contribuição, na nossa arte, do talento de origem africana, indelevelmente gravado em todas as etapas da evolução histórico-cultural do Brasil...” como diz o texto de apresentação da obra “A Mão Afro Brasileira – Significação Artística e Histórica”, organizada por Emanoel Araújo.
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