sábado

Lázaro Ramos inaugura biblioteca comunitária

Lázaro escolheu terra dos pais e avós para inaugurar primeira biblioteca

Levar jovens e adultos para o fascinante e mágico mundo da leitura. Esse é o principal objetivo do projeto “Ler é poder”. Criado pelo ator baiano Lázaro Ramos.

O projeto ganhou, nesta sexta-feira (25), as primeiras três bibliotecas em Salvador e no Recôncavo Baiano.
Foi a iniciativa que levou Lázaro a atravessar a Baía de Todos os Santos na manhã de ontem. O destino: Ilha do Paty, no distrito de São Francisco do Conde, um pedacinho do Recôncavo.
O ator escolheu a ilha para inaugurar a primeira biblioteca comunitária por conta dos laços afetivos que tem com o lugar. É a terra dos avós, dos pais deles e, quando criança, era lá que ele passava férias.
Lázaro lembra com carinho da época. “Tenho uma relação cultural enorme com Paty. Acho que foi o lugar que me inspirou a ser ator. Eu tinha um número [de teatro] que, inclusive, pedi a eles para resgatarem, que se chama “Comédia”. Isso aqui [a ilha] é afeto, inspiração. Tudo”.
Da escadaria, o ator agradeceu à comunidade e confessou um sonho: transformar a ilha em um centro de referência da cultura.
Depois, Lázaro inaugurou a biblioteca que leva o nome da avó, dona Edith, e da mãe, dona Célia. “A gente está num tempo em que a cultura está parecendo que é uma coisa supérflua, mas não é. Eu acho que quando a gente quer estimular as pessoas, a gente deve partir de algo que se acredite. E eu acredito, profundamente, que educação, que leitura é transformação”.
No fim da tarde, Lázaro inaugurou outra biblioteca no bairro da Boca do Rio.

Revista Afro Bahia

Deusa de ébano
"Se apegue primeiro em Deus, lute pelos seus objetivos e assim caminhe para o sucesso"

Basta olhar para JULIANA CARMO para prever que ela vai longe. Conhecendo-a melhor, então, essa previsão vira certeza. Vamos saber um pouco sobre ela? Paulista, 23 anos, este mulherão de quase 1m80 de altura é o centro das atenções aonde chega. Também, pudera... Tem como não se encantar com um rosto lindo que já estrelou dezenas de campanhas publicitárias e desfilou nos mais renomados eventos de moda? Ela sabe que vai longe: "Quero conhecer a África. É lá que estão as minhas raízes!", revela a beldade que aprecia uma boa leitura, curte MPB e um som black de primeira qualidade, além do balanço que está no auge, é claro, o samba-rock. Se você não é pé-de-valsa, melhor correr para uma academia... Enquanto isso, continue admirando a beleza desta negra gata.

A Memória de Lino de Almeida

O sociólogo, intelectual orgânico (auto-didata), militante das causas negras, engajado, polêmico, aglutinador, radialista e cineasta são algumas das possiveis definições necessárias para descrever o perfil de José Lino Alves de Almeida.

Desde seu falecimento, em julho de 2006, Lino tem sido homenageado em diversos lugares do mundo, o que revela a sua importância no contexto da militância pela igualdade e afirmação da identidade racial negra.Lino deixou uma lacuna nos movimentos sociais que lutam pelas causas negras. No entanto, Rita Honotorio, que foi casada com ele nos seus últimos oito anos de vida, pretende levar adiante as idéias do marido. "Claro que eu jamais poderia substituí-lo, mas farei tudo que tiver ao meu alcance para difundir a sua ideologia", promete.Rita é membro ativo do Núcleo Cultural Afro-Brasileiro, criado por Lino na década de 70, e já enumera os projetos do sociólogo que serão continuados. Dentre as obras que o intelectual deixou inacabadas, está o documentário Gilberto Gil – Ministro de Xangô, para o qual a viúva procura um cineasta que mais se aproxime do perfil de Lino. O núcleo vai lançar ainda um livro eletrônico da vida e obra do ativista, além da trilha sonora do filme A Bahia do Afoxé Filhos de Gandhy, que já está finalizada.Há também o projeto da criação de um memorial com a produção intelectual do sociólogo e a sua biblioteca pessoal que conta com mais de 3 mil títulos. O pesquisador musical Jorge Portugal também deve prosseguir com o documentário, iniciado em parceria com Lino, sobre a origem do Samba, que teria nascido na Bahia.


O Militante - Lino de Almeida sempre foi engajado, desde adolescente já lutava pelas idéias em que acreditava. Na década de 70, era pioneiro na militância do movimento negro baiano e, nessa época, já defendia o sistema de cotas, tanto nas universidades quanto no mercado de trabalho. Ele também foi responsável pela organização do primeiro ato de afirmação do dia 20 de novembro, como dia da consciência negra, que posteriormente se tornaria feriado no Rio de Janeiro.

Em 1978, o intelectual representou a Bahia na primeira executiva nacional do Movimento Negro Unificado. Após a morte de Bob Marley, deixou os dread locks (cabelo rastafari) crescerem e assumiu a cultura reggae como forma de incorporação de elementos de identidade. "Lino traduzia as músicas de Reggae e usava as letras para incentivar uma mudança de comportamento da sociedade", afirma Rita Honotorio. Em 1981, o sociólogo criou a Legião Rastafari, que se tornou um dos maiores movimentos de resistência negra.

O Intelectual - Sociólogo, estudioso e pesquisador das ciências humanas e sociais, auto-didata, Lino possuía uma bagagem intelectual tão extensa quanto a sua aplicação nas causas políticas e sociais. Apesar de ser palestrante e conferencista de renome internacional - sempre fazia intercâmbios nos Estados Unidos e na Jamaica-, o ativista desprezava a academia, que considerava restrita às discussões no planos das idéias, sem executar ações práticas, além deixar os negros ao largo dos debates. "Ele nunca gostou disso porque sempre viu o negro como agente das discussões e não um objeto de estudo", explica Rita.

O Comunicador - "Sociólogo por formação e comunicador por opção". Essa é a definição de Rita Honotorio de mais uma das facetas de Lino de Almeida, que também surgiu devido a sua militância nas causas negras. Por sempre pedir um espaço nas grades das programações das rádios de Salvador, o ativista descobriu o seu talento nos microfones. Em 1986, estreou seu próprio programa, Rasta Reggae, na Itaparica Fm. Paralelo à sua carreira no rádio que durou mais de 20 anos, Lino atuou com êxito no mercado fonográfico com a produtora S12. Entre os destaques dos vários artistas que produziu, está o primeiro trio de Reggae do mundo, que teve como atração o cantor jamaicano Jimmy Clif.

O Homem - Lino de Almeida nasceu em 1958, no bairro da Liberdade, em Salvador. Sempre foi muito apegado a família, seus três irmãos e a mãe era sua grande musa. Praticante do Candomblé, era filho de Xangô, destinado a guerrear em nome da justiça e da vida plena. "Lino era um apaixonado e amava muito a vida, mesmo com câncer ele continuou trabalhando intensamente, as pessoas nem sabiam que ele estava doente", lembra Rita.O sociólogo também era muito lembrado pela sua adoração pela beleza e alegria. Ele era vaidoso, vestia-se sempre com elegância e usava os melhores perfumes. "Diziam que ele era o homem mais cheiroso da Bahia", brinca a viúva. Outro traço marcante da personalidade do intelectual era a sua capacidade de aglutinar pessoas de pensamentos distintos. "O Lino tinha um discurso radical, polêmico, mas transitava por todas as áreas da sociedade, todos os partidos políticos e mesmo assim conseguia aderência das pessoas para as suas causas", comenta Rita. Segundo a viúva, o ativista não se preocupava se alguém era branco ou negro, só o que importava era o espírito de justiça, a garra e luta contra o preconceito.

terça-feira

revista afro bahia

BELEZA PURA
A deusa da vez!
Com certeza você já viu este rostinho antes. As curvas perfeitas também. Lembra daquela campanha publicitária de cerveja que a atriz Juliana Paes faz com duas modelos?
Uma delas está aqui: a estonteante Iris Sol. “Sempre tem algum marmanjo brincando, dizendo que me conhece de algum lugar”, sorri a bem-humorada carioca que também trabalha como atriz e apresentadora. Já brilhou na novela Torre de Babel, da Rede Globo e no seriado Turma do Gueto, da Record, além de ter ficado à frente do extinto programa Soul Black, da TV Cultura. “Sou a ‘BOA’ da vez. Um brinde ao sucesso!”, empolgase a beldade que está com a agenda cheia de compromissos no Brasil e no exterior.

revista afro bahia

AÇÃO SOCIAL

Som da sucata

Formado por crianças e adolescentes de 7 a 19 anos, a ONG Cultural Arte na Lata mostra a crianças e a adolescentes a importância da reciclagem de materiais e do respeito à natureza.
Daí surgiu o grupo musical do mesmo nome, que toca com instrumentos como latas, baldes, tambores, garrafas pet, canecas e materiais recicláveis dos ferros-velhos de São Paulo. O projeto do pessoal objetiva diminuir a marginalidade e a prostituição por meio de atividades com as sucatas, street dance, grafite, capoeira, etc.

Não desabone minha conduta, diz Milton a deputado

O ator Milton Gonçalves, que interpreta o político negro corrupto Romildo Rosa (foto), na novela "A Favorita" da Rede Globo, reagiu com indignação a manifestações do deputado José Cândido, do PT de São Paulo, que em carta ao Painel do Leitor da Folha, se referiu a ele como estando “na contramão da causa negra”.“Não nutro ilusão juvenil de que o racismo poderia ser extinto de uma hora para a outra. O que quero é a igualdade de direitos e deveres perante a lei. Estou aberto a críticas, senão não estaria pondo minha cara a tapa todos os dias na TV. Mas não desabone minha conduta, pondo em xeque toda uma vida de militância, quando diz que ando na contração da causa negra. Cada um tem sua forma de lutar, e a que encontrei foi a expressão artística”, afirmou o ator também em carta ao Painel do Leitor sob o título “Vilão Negro”, publicada na edição de domingo (06/07). A carta de Cândido, foi publicada no Painel da edição do último dia 26 de junho.Milton, que é filiado há muitos anos ao PMDB carioca, lembrou a Cândido que o que deveria decepcioná-lo não era a sua atuação, mas sim "o fato de São Paulo possuir cerca de 650 municípios (são 645) e um enorme percentual de negros (são 12,5 milhões de afro-brasileiros) e, ainda assim, não consegue eleger negros, exceto seu filho, prefeito em Suzano”. Afropress não conseguiu localizar o deputado - único parlamentar negro eleito para a Assembléia Legislativa paulista nas últimas eleições.

Desserviço
O ator ficou especialmente indignado com a afirmação de Cândido, à propósito de sua atuação na novela de que estaria prestando um “desserviço” a luta dos negros no país. “Desserviço presta quem ser arvora “defensor dos negros” e amealha fortunas na gestão de ONGs por todo o Brasil”. Ele acrescentou não está se referindo ao deputado nem ao filho, Marcelo Cândido, prefeito em Suzano.Milton também lembrou que a imagem estereotipada no Brasil é a do negro bom, não a do mau negro – “até porque não costumamos ter personagens negros vilões, o que nos garantiu, até agora, certa invisibilidade social. Nem políticos negros corruptos deram as caras nas CPIs em Brasília. Que injustiça”, acrescentou.Ele finalizou a carta dizendo acreditar estar cumprindo a missão a qual se propôs desde o início de sua vida pública, há mais de 50 anos. “Pode ser que não esteja conseguindo me fazer entender ou que, por falta de um olhar mais atento, aqueles que me criticam é que não estejam a entender". “Só me resta repetir um pensamento do trompetista Miles Davis, quando solicitado a explicar sua música: se preciso, a esta altura do campeonato, senhor Cândido, me explicar, é porque certamente o interlocutor não entenderá”, concluiu.

quarta-feira

revista afro bahia

Últimos dias em Angola

Por Ademar de Souza Reis Jr
Primeiro meus verdadeiros agradecimentos a Revista Afro Bahia.

De todos os dias que passamos em Angola, um deles foi especial pois foi o dia em que conferimos de perto como é viver na periferia de Luanda. Foi uma grande experiência, que tentamos relatar abaixo (post escrito em conjunto com minha esposa Viviane).
Na quinta-feira 13 de dezembro de 2007, fomos visitar duas simpáticas madres da Pastoral da Criança (Missionárias de Santa Terezinha): a Irmã Socorro e a Irmã Graça, que trabalham no bairro Palanca. Nosso interesse era conhecer um pouco do trabalho delas, da realidade da periferia, visitar algumas creches e, quem sabe, ajudar de algum modo.
Chegar até a casa das madres não foi fácil. Palanca é um bairro muito pobre e com pouca infra-estrutura. Como estávamos no início do período de chuvas, algumas ruas estavam cheias de uma mistura de lama, lixo e esgoto (o terreno é argiloso e não há rede de escoamento de água). Mesmo estando com um carro 4×4, ficamos muito apreensivos ao encarar alguns trechos, pois não tínhamos certeza se conseguiríamos chegar do outro lado. Felizmente deu tudo certo (4×4 rulez) e chegamos sãos e salvos ao nosso destino.
As madres estavam nos aguardando. Foram muito atenciosas e já tinham um roteiro pronto pra nossa visita. Pegamos o carro e nos dirigimos até a sede da igreja, onde estacionamos e tendo a Irmã Socorro como nossa guia, caminhamos pelo bairro. Tivemos a oportunidade de conversar com vários moradores e conhecer um pouco do sofrimento do dia-a-dia, das tradições e da cultura Angolana. Ficamos particularmente chocados ao ver uma família vivendo em um terreno totalmente alagado com lama na altura do joelho e ao ouvir relatos de que em muitas casas (senão a maioria) quem é responsável pelo sustento é a mulher - os homens acabam tendo várias famílias. Embora as dificuldades fossem muitas, as pessoas com quem conversamos estavam sempre sorrindo e foram muito simpáticas conosco.

Ao chegarmos na creche as crianças estavam se preparando para uma festa de Natal e encerramento das atividades do ano. No início algumas delas estavam um pouco tímidas com nossa presença, mas em poucos minutos a Viviane já estava brincando, cantando e tirando fotos com todas. Foi muito bom interagir com as crianças e uma grande alegria pra Viviane que é professora aqui no Brasil e é fascinada pela África.
Andando pelas ruas encontramos uma pequena feira (comércio de rua é muito comum em Luanda). Não é fácil fotografar ambientes abertos em Angola, mas com a intervenção da madre, que explicou que éramos amigos (brasileiros, turistas, não jornalistas e nem sensacionalistas), conseguimos tirar algumas fotos (com direito a pose, veja acima).
Ao retornar pra sede da igreja, nos deparamos com uma cena incrível: um “mar” de mulheres com roupas típicas participando de uma cerimônia religiosa em um bosque. Elas cantavam com alegria e uma harmonia natural. Mesmo não compartilhando da mesma religião, nos aproximamos e fomos contagiados pela emoção e fé daquelas mulheres. É difícil achar palavras pra descrever a cena, mas é suficiente dizer que não conseguimos conter as lágrimas naqueles poucos instantes em que as acompanhamos.

Eram nossos últimos dias em Angola e ficamos muito felizes por ter um dia inesquecível, com experiências que ficarão pra sempre guardadas em nossa memória. Testemunhamos a triste realidade dessas pessoas, mas ao mesmo tempo vimos que elas não perdem sua esperança e fé de que as coisas vão melhorar.
Nossa passagem por Angola estava chegando ao final. Foi ótimo passar dias em tão boa companhia e esperamos que nossa estada tenha contribuído de algum modo pra ajudar esse povo que tanto merece uma vida melhor. No domingo fomos pro Aeroporto, era hora de ir de férias pra África do Sul…