domingo

Apenas 3,8% dos negros conseguem ser empreendedores

Muitas estatísticas já comprovaram que as pessoas negras ou pardas estão em menor quantidade no mercado de trabalho se comparadas às pessoas de cor branca. Mas um estudo pioneiro, realizado pelo sociólogo Jorge Monteiro, resolveu centrar-se na questão do empreendedorismo e chegou à conclusão de que, em meio a essa população conceituada como negra ou parda, apenas 3,8% conseguem atuar como empresários, administradores, profissionais de nível superior.
Esta abordagem foi o tema do livro "O Empresário Negro", lançado em Brasília, numa iniciativa da Associação Nacional dos Coletivos de Empreendedores Afro-Brasileiros (Anceabra).
Antes de tudo, o sociólogo afirma: o objetivo deste trabalho é, justamente, chamar a atenção para a parcela do empresariado negro do Brasil que quer crescer e para os que ainda não são empresários, mas gostariam de ser. "O livro busca encorajar essas pessoas a organizarem suas empresas, irem em busca de apoio e, principalmente, gerar oportunidade de negócios, não só entre negros, mas no mercado em geral", disse Monteiro.
Os dados estatísticos da pesquisa foram resultantes de um mapeamento feito a partir dos censos demográficos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e da Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios (PNAD). Os dados mais recentes apontam que mais de 60% da população brasileira são afrodescendentes, colocadas na categoria de "parda" ou "negra".
"Observei os dados estatísticos e, ao mesmo tempo, fui comparando com o grau de empreendorismo existente. Apesar de algumas dificuldades em conseguir créditos, ter oportunidades, muitas pessoas conseguem empreender, montar seu negócios, progredir. Só que o número de empreendedores negros é muito pequeno se comparado ao empreendedor branco", explica.
Diante das dificuldades encontradas pelo empresariado negro, um dos pontos essenciais do livro é motivar a criação de um projeto nacional de desenvolvimento da empresa afro-brasileira, além de criar associações de empresários negros, que possam passar à frente suas experiências.
O sociólogo afirma que esta já é uma das principais lutas do movimento negro no Brasil, e que é necessário o apoio das autoridades municipais, estaduais e também da esfera federal.
"A nossa perspectiva não é de gueto, não é sectária. Queremos comercializar com a sociedade em geral", afirmou. Monteiro é sociólogo, com Mestrado em Relações Raciais e profissional da área de recursos humanos.

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