O MESTRE TONHO MATÉRIA NO COMANDO DO BLOCO DA CAPOEIRA LEVA DIVERSIDADE CULTURAL PARA A VENIDA
“Dança da malandragem, com muitos rituais. Brincadeira de movimentos com malícia. Na dança negra de pés no chão a agilidade da esquiva e a esperteza da fuga. E de repente, ante os olhos surpresos do adversário, o gesto rápido. O ataque fulminante. Então, prostrado, o inimigo se dá conta de que foi vítima da mandinga”. Isto é o que chamamos de capoeira, essa luta de resistência criada no recôncavo baiano pelos negros Bantos de Angola e que foi perseguida por muito e muito anos e hoje é tratada como patrimônio imaterial do Brasil e porque não dizer da Bahia. A capoeira foi proibida pela república e essa mesma república em uma outra estância lhe transforma em diversos pontos de cultura espalhados no país. Hoje, universidades, empresas particulares, academias, Industrias, canais de comunicação, etc. Vêem a capoeira como elemento de transformação social.
Duas semanas antes do carnaval, na cidade de Salvador, só se ouviam os burburinhos em todos os cantos, eram os amantes e praticantes de capoeira de varias partes do planeta que esperavam ansiosos para ver e participar do desfile do Bloco Afro Mangangá Capoeira, que saiu com o tema Capoeira e suas Culturas Aparentadas, sugerido pelo ex-diretor do Forte da Capoeira Dr. Leal.
Para contar essa história e tantas outras, o Bloco Afro Mangangá Capoeira pilotado por Tonho Matéria, que vestido com um figurino nas cores azul e prata simbolizando Ogum criado pela figurinista Diana Moreira, apresentou uma diversidade cultural na avenida e contou com diversas alas. Com a parceria de grandes amigos como Negra Jhô que trouxe as alas das baianas com uma big fantasia com papel de café, orixás e dança afro com pinturas no corpo que foi coreografado por Liu Arrison (Ator do Filme Ó Pai Ó) e supervisionado pelo mestre de capoeira e dançarino Flecha, além do Dançarino e Coreógrafo Monza Calabar que touxe da Argentina uma saia de Iemanjá de 6 metros de comprimento onde a rainha das águas salgadas deu a luz a todos os orixás na passarela.
A atriz Sue Ribeiro coordenou uma ala com terno de reis e folguedos nordestinos como maracatu, a burrinha, frevo e bumba meu boi que derão uma visibilidade e um colorido maravilhoso ao bloco e ao desfile. Mestre Pelé do Tonel com sua indumentária luxuosíssima e com tanta exuberância, provou que a sua energia não tem limites quando se fala em malabarismo com seu tonel. A Companhia de Dança e Ritmos da Bahia do mestre João de Barro também brilhou ao levar uma ala de capoeira show.
Maculelê, puxada de rede, bonecos gigantes, além dos Ogans Paulo Tré, Tatá e Alex, do terreiro Ilê Axé Odê Tolá, do Samba de Chula do contra mestre Boca e das orquestras de berimbaus do Grupo de Capoeira Abolição sobre a regência do contramestre Bobô e do Pólo de Capoeira do Município de Lauro de Freitas sobre a regência dos mestres Saci, Regi, Boca e Coveiro com 200 pessoas tocando berimbau e uma banda percussiva com 70 homens ao comando do maestro Bira Jackson que veio vestido com um figurino simbolizando Exu, também criado por Diana Moreira.
O Trio elétrico decorado por André Cunha foi coberto de palhas de mareô, ferramentas de Ogum, TVs de Plasma, laser e um canhão de chuva de confete na cor de prata. O bloco desfilou na quinta-feira, às 20h, no Circuito Campo Grande, fazendo uma homenagem ao lendário Besouro Mangangá, ou Manoel Henrique Pereira, soldado do Exército nascido no século XIX, em Santo Amaro da Purificação, e capoeirista conhecido que, segundo a lenda, tinha poderes sobrenaturais. No dia 2 de fevereiro no carnaval para Iemanjá, o bloco promoveu um belíssimo arrastão junto com Carlinhos Brown e o Cortejo Afro e na quarta-feira de cinzas mais de 2 mil capoeiristas acompanharam o Arrastão da Timbalada.
O sonho de colocar a Capoeira aconteceu quando em 2002 o Carnaval homenageava as raízes e heranças africanas. Daí então o publicitário, cantor, compositor e mestre de capoeira Tonho Matéria começou a falar da capoeira como tema do Carnaval, o que só se concretizou depois de seis anos de tentativas. "Contei com a parceria do jornalista e produtor cultural Badá, do nosso Rei Momo Clarindo Silva e do ilustríssimo mestre Boa Gente, que não só ajudou pra que a capoeira fosse o tema do carnaval como criou uma ala de dança afro com diversos estrangeiros e seus alunos do Vale das Pedrinhas para o bloco. Além de vários capoeiristas que votaram pela Internet" revelou Matéria, que idealizou um megadesfile.
O Bloco da Capoeira não foi comercializado. "Os capoeiristas usaram suas próprias roupas e cada ala desenvolveu suas indumentárias", explica Matéria. "Cada Mestre ficou responsável por inscrever sua associação, que podia vir com quantos alunos quisesse", complementou.
Diversos grupos e associações de capoeira compareceram ao desfile do bloco como parceiros, são eles: Mangangá, Abolição, Topázio, Jalará, Kilombolas, Centro Cultural de Capoeira Angola Bonfim, Zumbi, Associação de Capoeira Mestre Bimba, Stela Mares, Esquiva, Associação de Capoeira Cobra Can, Bahia Capoeira, Alegria do Mestre Canjiquinha, Grupo de Capoeira Expressão Corporal, Filhos de Oxossi Guerreiro, Academia Regional de Itinga, Unicar, Capoeira Guerreiros, Iúna, Palmares, Kirubê, Educarte Vadiação, Maré, Calabar, Associação de Capoeira Mestre Boa Gente, Sete Quedas, Engenho, Camugerê, Raça, Ginga Nativa Capoeira, Mundo Capoeira, Vivendo e Aprendendo, Liberdade do Negro, Barro Vermelho, Corpo e Movimento, Porto da Barra, Guerreiros da Bahia, Solares, Pé Pro Ar, Nação Capoeira, Filhos de Oxalá, Mandela, Ganga Zumba, Centro de Cultura da Capoeira Tradicional Bahiana (Mestre Bola Sete), Grupo Cultural de Capoeira Angola Moçambique (Neco) e mestre Flecha. Além das participações especiais dos artistas Lucas Di Fiori (Olodum), Dado Brazawilly (Ex- Ara Ketu), Paulinho Feijão (Ex- Ilê Aiyê) e dos mestres de capoeira Já Morreu e Pelé da Bomba.
O Bloco contou com o apoio cultural do Governo do Estado da Bahia, Secretaria de Cultura e Secretaria do Turismo, Bahiatursa, Ministério do Turismo, Prefeitura Municipal de Salvador, Emtursa, Prefeitura Municipal de Lauro de Freitas, Pólo de Capoeira de Lauro de Freitas, Instituto Sol e Sol Embalagem, Guia Salvador Eventos, Revista Carnafolia, Jornal O Capoeira, Forte da Capoeira, Universidade do Estado da Bahia (Uneb), Edson da União, Olívia Santana, Bahia Gás, Zoom Imagens, Maria Comunicação, União da Capoeira de Itapoã e Federação de Capoeira da Bahia (Fecaba).
Contatos: 71- 81269333 – 32569806 site
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