SALVADOR - A Bahia virou uma meca para turistas negros americanos que buscam entender melhor a herança e as tradições africanas, de acordo com uma reportagem publicada neste domingo pelo diário americano “Los Angeles Times”.
De acordo com a reportagem assinada por Patrick J. McDonnel, milhares de americanos - e quase todos negros - visitam o estado todo o ano em busca desse resgate do passado.
“O progresso crescente dos negros americanos de classe média criou renda e tempo disponíveis e um ‘boom’ de turismo multibilionário. O Brasil pode ainda não rivalizar com a África como destino turístico ‘raiz’, mas aqueles que buscam uma experiência histórica estão convergindo para a Bahia”, diz a reportagem.
Um dos exemplos encontrados pelo LA Times foi o consultor Semaj Williams que, embora seja natural de Nova Jersey, se identifica “totalmente” com o Brasil.
“Para mim, está evidente que em outra vida eu fui brasileiro”, disse Williams. “Tenho certeza: o Brasil é um dos meus lugares.”
Herança viva
Para muitos, segundo o jornal americano, a cultura africana foi muito diluída nos Estados Unidos, mas ainda pode ser vista no dia-a-dia dos baianos.
Nem mesmo a barreira da língua dificulta a identificação dos turistas afro-americanos com os negros brasileiros, segundo a reportagem.
Tradições populares comuns na Bahia, segundo o jornal, “evocam para muitos o fantasma da escravidão e as suas conseqüências, trazendo à tona lembranças de uma tradição oral passada adiante por falecidos avós e bisavós.
Nos Estados Unidos, agências de turismo especializadas em clientes afro-americanos lotam hotéis baianos e vendem pacotes que incluem escala no Rio de Janeiro e outras cidades brasileiras.
Mas o ponto alto da viagem, segundo o LA Times é o festival de Nossa Senhora da Boa Morte.
“É uma encarnação clássica do sincretismo religioso: elementos do catolicismo importado pelos portugueses coexistem com a devoção afro-brasileira, em especial, o credo conhecido como Candomblé”, diz a reportagem.
“Nós afro-americanos falamos da nossa conexão com a África, mas não temos muitas provas dessa conexão. Quando vamos para o Brasil, tudo fica evidente e faz sentido”, afirma, na reportagem, Wande Know Gonçalves, uma professora afro-americana que se apaixonou pelo Brasil e por um brasileiro, e hoje mora na Bahia.
quarta-feira
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