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Quilombolas estão nos EUA para celebrar a Consciência Negra nas Américas.

Por Adenilton Cerqueira
Sete representantes quilombolas brasileiros viajaram, no dia 15 de fevereiro, para os Estados Unidos, em visita patrocinada pela Embaixada Americana e pela Fundação Cultural Palmares. Eles vão representar o Brasil nas comemorações do Mês da Consciência Negra dos norte-americanos. O objetivo do grupo, formado por quilombolas de várias regiões do país, será a Celebração pelos Afro-descendentes nas Américas, que acontece no Congresso Nacional dos EUA com representantes de todo o continente americano.
Segundo Bernadete Lopes, diretora de Proteção do Patrimônio Afro-brasileiro, da Palmares, o principal objetivo deste encontro é aproximar os negros dos dois países. 'A gente parte do princípio que viajar é conhecer, aprender. E eles verão como vivem os negros de lá, onde o racismo é mais declarado', esclarece.
Entre os critérios para a seleção dos representantes brasileiros, segundo Bernadete, foi levado em consideração o fato de eles nunca terem viajado para o exterior. Líder de uma comunidade Quilombola de cerca de 720 famílias no município de Santa Luzia, na Paraíba, Luís Bento dos Santos diz que espera conhecer experiências das comunidades negras de outros países. 'Eu quero ver o desenvolvimento: de onde eles partiram e onde estão', afirma.
O Projeto
O Projeto Manejo dos Territórios Quilombolas tem como beneficiários os cerca de seis mil descendentes de Quilombos que habitam comunidades rurais localizadas ao longo dos Rios Trombetas, Erepecuru, Cuminã e Acapu, no município paraense de Oriximiná.
Organizados na Associação das Comunidades Remanescentes de Quilombos do Município de Oriximiná (ARQMO), desde 1989, eles vêm lutando pela titulação de suas terras conforme garante a Constituição Federal. Nestes 12 anos de trabalho contam com a assessoria da Comissão Pró-Índio de São Paulo (CPI-SP). Como resultado deste esforço, 16 comunidades já tiveram as suas terras tituladas.
A partir das primeiras titulações, um novo desafio colocou-se para a ARQMO e para a CPI-SP: Como garantir o uso adequado dos territórios conquistados?
Os Quilombolas de Oriximiná desenvolveram um sistema produtivo que combina a prática da agricultura, caça e pesca de subsistência com a exploração extrativista, constituindo a coleta da castanha-do-pará uma de suas principais fontes de renda. Tal sistema econômico vem garantindo a sua sobrevivência através do uso sustentado dos recursos naturais há mais de um século.
Existe, porém, a necessidade de se buscar alternativas de geração de renda que possam garantir uma melhora nas condições de vida desta população e o atendimento às novas demandas.
Para responder ao desafio de otimizar a exploração dos territórios respeitando-se a cultura própria deste povo e garantindo o uso sustentado dos recursos naturais, foi que a Associação e a Comissão estruturaram, em 1998, o Projeto Manejo dos Territórios Quilombolas.

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