Área
LIBERDADE
Depoimentos
Hilda dos Santos (Mãe Ilda)
O Ilê é hoje uma entidade que representa esse desejo de valorizar o negro. Acho que hoje as pessoas aqui não têm mais vergonha de dizer que moram na liberdade, de se assumir ser negro. Antigamente, muitos tinham vergonha disso, e o Ilê foi quem mudou essa mentalidade.
O Ilê é hoje uma entidade que representa esse desejo de valorizar o negro. Acho que hoje as pessoas aqui não têm mais vergonha de dizer que moram na liberdade, de se assumir ser negro. Antigamente, muitos tinham vergonha disso, e o Ilê foi quem mudou essa mentalidade.
"Cheguei na Liberdade com meus pais em 1930. Tinha sete anos. Isso aqui tinha todas as aparências de quilombo, desses que você só ouviu falar.(...) Todos os moradores eram negros. Algum escravo liberto, tinha muitos que eram africanos mesmo, mas a maioria era filhos deles, os filhos da escravidão".
Hildete Lima (Comunidade do Ilê Ayê)
"O Ilê é responsável por toda a mudança na concepção estética e visual do negro em Salvador. As mulheres passaram a usar cores mais fortes, turbantes, penteados étnicos. Passaram a assumir e a ter orgulho da identidade negra".
"Poucas pessoas se assumiam. Eles se diziam mulatos, morenos, achocolatados, menos negro. Com o surgimento do Ilê, o negro passou a se valorizar, a assumir sua identidade, a ter orgulho de suas raízes...Salvador é a terra da magia, dos orixás. É a terra boa de se viver. Existe uma força muito grande da cultura africana que nos protege."
Atrativos
TERREIROS DE CANDOMBLÉ
TERREIROS DE CANDOMBLÉ
TERREIRO ILÊ AXÉ JITOLU
Comandado por Mãe Hilda dos Santos, o terreiro Ilê Axé Jitolu, nação gêge - nagô, é o mais conhecido da Liberdade, localizado na ladeira do Curuzu. Foi fundado no dia 6 de janeiro de 1952. A primeira festa do ano, no mês de janeiro, é em homenagem a Oxalá. Em seguida, a festa para Obaluaê, santo protetor do terreiro, realizada no dia 16 de agosto. Depois, no mês de setembro, acontece a Festa do Caboclo Tupyassu.-TERREIRO VODUM ZÔOLocalizado no Curuzu, o Terreiro Vodum Zôo é um dos maiores e mais belos que existem na Liberdade. Logo na entrada, deparamo-nos com uma imagem belíssima de Yemanjá numa fonte. Continuando, encontramos as casas dos orixás (Omolu, Ogun, Iansã, Exu) e a casa das almas, chamada de Eguns. O terreiro de Xangô é grande, bem decorado e ornamentado. Segundo o pai de santo, Hamilton, o terreno todo tem 2.400 m², o que representa a maior área verde do Curuzu. Fundado dentro da nação gêge savalú, o terreiro tem mais de 40 filhos-de-santo.
TERREIRO VODUM ZÔO
Localizado no Curuzu, o Terreiro Vodum Zôo é um dos maiores e mais belos que existem na Liberdade. Logo na entrada, deparamo-nos com uma imagem belíssima de Yemanjá numa fonte. Continuando, encontramos as casas dos orixás (Omolu, Ogun, Iansã, Exu) e a casa das almas, chamada de Eguns. O terreiro de Xangô é grande, bem decorado e ornamentado. Segundo o pai de santo, Hamilton, o terreno todo tem 2.400 m², o que representa a maior área verde do Curuzu. Fundado dentro da nação gêge savalú, o terreiro tem mais de 40 filhos-de-santo.
Nos anos 80, os blocos afro tornaram-se uma forma de militância baseada na busca de um padrão de negritude representativo para a grande população afro-descendente de Salvador. Com uma estética africana impregnada nas formas de vestir, dançar e cantar, construía-se um discurso de auto-afirmação do negro. A primeira iniciativa veio do Curuzu, com o Poder Negro, fundado em 1974, e logo rebatizado de Ilê Aiyê para evitar problemas com a Ditadura Militar. A música mesclava o samba duro com a batida dos candomblés. Outros blocos afro, como o Olodum, Muzenza, Male Debalê e o Ara Ketu, nasceram influenciados pelo Ilê, em bairros de maioria negra, com grande presença do candomblé. Estes blocos atualmente têm uma relação forte com o bairro. Além de fornecerem oficinas de capacitação profissional aos jovens carentes, promovem cursos e eventos que trazem à tona as culturas de matriz africana.
O ILÊ AIYÊ
O ILÊ AIYÊ
No carnaval de 1975, Apolônio de Jesus, Antonio Carlos dos Santos (Vovô) e cerca de 100 moradores da Liberdade levaram para a avenida o primeiro bloco afro de Salvador. Era uma época estimulante, marcada pelo movimento “Black Power” dos negros norte-americanos e pela formação dos Estados Nacionais Africanos. Desde então, o Ilê se dedica a exibir nos desfiles toda a riqueza cultural da África, em suas origens. Era uma forma de afirmação da identidade negra, uma ação cultural de caráter político, já que revelava uma mobilização e denunciava, com o exclusivismo étnico, a intolerância racial. Uma intolerância especialmente visível no carnaval, quando a festa dos negros ficava restrita à Baixa dos Sapateiros, clubes e agremiações de bairro. O bloco foi um dos primeiros a manter uma associação cultural para preservação das tradições culturais africanas na Bahia.A música do Ilê Aiyê é calcada numa mistura entre o ritmo dos atabaques do candomblé e o samba duro dos tambores, aliado à potência das vozes. As roupas do Ilê Aiyê são preparadas a partir de pesquisas prévias sobre povos e regiões da África, fonte de conteúdo também para as letras das músicas, carregadas de expressões em iorubá.
Em 1984, Aidil Moreira de Jesus participou do concurso Deusa do Ébano, que escolhe a mais bela mulher negra para representar a rainha do Ilê Aiyê. Desse concurso, veio o apelido que permanece até hoje. Ginga virou sinônimo de simpatia e comida saborosa. A quituteira é difusora do prato Miragaia, um cozido de peixe com pirão que, em Salvador, costuma ser servido às segundas-feiras. Além disso, Ginga costuma vender feijoada aos sábados, nos ensaios do Ilê Aiyê. Durante as principais festas populares da cidade, as vendas se estendem para outros bairros.
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