quinta-feira

Diferenças entre o racismo brasileiro e americano


Esta brasileira de apenas 20 anos, que mora e estuda nos EUA, dá um show nesta entrevista e mostra um panorama e as principais diferenças entre os negros brasileiros e os americanos. Para ela, há afro-brasileiros que preferem se “branquear” para sofrerem menos preconceito.

Revista Afro Bahia: Os seus estudos aí nos EUA têm alguma ligação com a questão racial brasileira?
No momento estou fazendo pesquisas sobre os mecanismos do racismo no Brasil e ao mesmo tempo ando fazendo comparações com o racismo que existe nos Estados Unidos. Eu comecei esse projeto por causa de um simples interesse em relações raciais no Brasil e logo decidi aplicar os meus achados num trabalho para minha aula de sociologia. Ainda pretendo realizar um estudo com a comunidade brasileira de Massachusetts, mas por enquanto ainda estou na base de livros e teses.
Sendo que isso é um tema muito complicado e sensível, eu tenho tido muito cuidado com as minhas conclusões, pois, sendo do Brasil, meu primeiro instinto foi dizer que o racismo no Brasil é muito mais suave. Essa é a primeira conclusão de vários brasileiros brancos e até americanos (brancos e negros). Mas durante minha pesquisa, tomei conta de que é muito difícil fazer um julgamento desse tipo, pois racismo nos dois paises é bem diferente e mesmo assim os efeitos são igualmente horríveis.
Revista Afro Bahia: Mas por que você acha que isso acontece?
Para começar, a cultura anglo-americana teve uma tendência de minimizar contato entre brancos e escravos africanos, até no dia a dia no norte do país onde não existiu segregação legalizada como no sul. Relações inter-raciais sempre foram mais comuns na sociedade brasileira e isso resultou em um esquema de raças diferente. Os Estados Unidos têm um sistema binário – ou alguém é negro ou branco. No Brasil você pode ser branco, pardo, negro ou, dependendo da sua mistura, o que você quiser. Então as barreiras entre raças são muito mais fluídas. Nos Estados Unidos é difícil alguém que não aparenta ser branco puro passar por branco. Os indivíduos de etnia ambígua costumam se encaixar na comunidade negra. Raça nos Estados Unidos é imposta. No Brasil é mais fácil alguém de mistura, especialmente estando numa classe social alta, passar por branco. Machado de Assis é um belo exemplo disso.
Revista Afro Bahia: Você está dizendo que no Brasil alguns negros que têm a pele mais clara, preferem de afirmar como brancos?
O desejo de se “branquear” é tão forte que só um número mínimo de brasileiros aceitam ser classificados como negros – a maioria ainda se esconde em termos como “moreno” ou “escurinho”. Só 6% dos brasileiros se classificam como negro comparado com 12% nos Estados Unidos. Mas essa diferença não diminui o efeito do racismo no Brasil contra pessoas de pele escura que não se classificam como negro. A diferença é que o brasileiro pensa mais em termos de cor e aparência geral do que de raça biológica. Nos Estados Unidos uma pessoa que parece ser branca pode se considerar negra se tiver ancestrais negros, porque americanos costumam achar que raça tem mais a ver com biologia. Por outro lado, no Brasil raça é mais difícil de se classificar pois é mais baseado em aparência, que é muito influenciada por classe social. As pessoas costumam se classificar na base de comparações diárias de feições, cor de pele, textura de cabelo e posição social. No Brasil, por conseqüência, nacionalidade vem antes de raça – ao contrário dos Estados Unidos, onde raça faz mais parte da sua identidade nacional. Mas justamente por causa disso, o brasileiro tem mais dificuldades entendendo os mecanismos do racismo e o jeito em que pode ser manifestado. O Brasil, em geral, sofre casos de racismos mais sutis como discriminação no trabalho e em entrevistas para empregos. É claro que também existem outras formas brutais de discriminacao como as da polícia. Mas em geral, brasileiros, especialmente brancos, não têm uma noção muito clara do que constitui o racismo.
Revista Afro Bahia: Dê um exemplo.
Muita gente ainda acha que não tem nada de errado com expressões derrogatórias como “neguinha” ou “preto de alma branca.” Pior ainda, mascaram racismo dizendo que simplesmente têm gosto por outro tipo de aparência. Então, um branco entrevistando duas pessoas (uma branca outra negra) para ser recepcionista pode dizer que escolheu a branca porque a posição requer uma “boa aparência” – o que torna sua discriminação numa questão de gosto pessoal e não racismo. Por causa destas ambiguidades, discriminação é mais difícil de detectar.
O que a minha pesquisa mais me alertou foi para a importância da conscientização. A população precisa entender o que é o racismo e que é de fato um grande problema na nossa sociedade. Se eu não tivesse feito toda esse pesquisa básica, eu, sendo branca, não teria idéia de como o problema é grave e não entenderia as barreiras que nós como um povo ainda enfrentamos. Quanto mais conseguimos educar a população, mais chances teremos de combater o racismo no nosso pais.
• Na sua opinião qual a principal diferença entre os negros brasileiros e americanos? Eu reparei que negros nos Estados Unidos tiveram certas vantagens comparado com os negros do Brasil. Por um lado, a unificação aqui é muito mais forte sendo que eles aqui são forçados a se identificar como negros e acabam tendo mais orgulho de sua identidade racial. Além disso, os negros americanos tiveram que combater segregação legalizada, o que ajudou muito nessa unificação por ter lhes dado mais necessidade de lutar pela igualidade. No Brasil movimentos negros demoraram mais para se formar e para se manter fortes provavelmente por falta de um incentivo tão concreto. Ainda existe a noção (que brasileiros de todos os tipos ainda aceitam) que as dificuldades enfrentadas pela população negra são conseqüências de classe social e problemas econômicos que sobrevivem desde o tempo da escravidão – eles negam que essas dificuldades têm a ver com racismo. Isso dificulta ainda mais o progresso social dos negros brasileiros. Agora, sendo que as raças são menos divididas no Brasil do que nos Estados Unidos, as tensões raciais são mais suaves. Isso não diminui o efeito da discriminação, mas isso já é uma vantagem pois um movimento nacional para combater o racismo pode ter mais chance de sucesso. Por um lado, a falta de uma barreira concreta (como as leis que existiram nos Estados Unidos e na África do Sul) apresenta dificuldades para á unificação dos negros brasileiro. Mas por outro lado, a falta de uma pode fazer a transição para uma verdadeira democracia racial possível.
Revista Afro Bahia: Qual sua opinião sobre o mito da democracia racial no Brasil?
Quando pequena eu morei entre americanos por alguns anos no exterior, e eu ficava chateada porque sentia que raça era um fator muito predominante. Quando voltei para o Brasil achava que seria um alívio pois achava que não teria que me preocupar com raça. Eu sempre ouvi dizer que o Brasil nunca teve o racismo que existiu nos Estados Unidos ou na África do Sul. Para mim, racismo era os crimes horrendos e violentos que aconteciam em países que tinham segregação legalizada, onde pessoas admitiam ser racistas. Nunca ouvi nenhum brasileiro admitir que era racista e então achava que realmente o Brasil era uma democracia racial, o que me dava muito orgulho. Mas quando voltei para meu país, eu notei que a questão de raça era tão importante quanto na cultura anglo-americana. Na verdade me senti mais insegura no Brasil por causa da falta de raças definidas como na cultura americana. Pela ausência de um termo para me definir, ficava me comparando com os outros. E foi aí que finalmente entendi o quanto raça no Brasil é um fator determinante no modo em que uma pessoa e tratada. Para mim o mito da democracia racial é o que é: simplesmente um mito. Mas para muitos ainda é uma verdade. As pessoas acreditam que, sim, os negros enfrentam mais problemas e sofrem discriminação, mas elas acreditam que essa discriminação é conseqüência de classe social e não raça. Hoje em dia, muitos brasileiros reconhecem o problema do racismo no Brasil, mas somente uma minoria admite ser racista. O problema do mito é que muitas pessoas não sabem o que é o racismo e então não sabem quando elas mesmas discriminam. Ou então, quando discriminam, fazem de forma sutil e ambígua ou tentam mascarar seus crimes – mas isso não diminui os efeitos dessa discriminação. Enquanto o mito da democracia racial existir, o racismo também irá.

quarta-feira

Educação: raça ou questão social?


Renda e educação dos pais pesam mais do que cor em desigualdade racial na escola

A desigualdade de acesso à educação entre negros e brancos no Brasil se deve mais à origem social do que à discriminação de cor. Entretanto, o preconceito também influencia a diferença. Essa é uma das conclusões de um estudo feito pelo Centro de Internacional de Pobreza, uma instituição de pesquisa do PNUD, resultado de parceria com o IPEA (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas).
O texto, intitulado Toda a Desigualdade Socioeconômica entre os Grupos Raciais no Brasil é causada por Discriminação Racial?, do economista Rafael Guerreiro Osório, faz uma análise detalhada da evolução educacional dos brasileiros nascidos de 1973 a 1977, tendo como base diferentes edições da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, feita pelo IBGE).
O economista acompanhou, por meio das amostras de 1982, 1987, 1992, 1996 e 2005, o acesso da população à educação. Ele dividiu os grupos de acordo com a instrução do chefe da família, a renda familiar e a cor da pele e verificou, por exemplo, a porcentagem de crianças nascidas entre 1973 e 1977 que chegaram aos estavam alfabetizadas em 1982, estavam no ensino médio em 1992 e na universidade em 1996. Para evitar distorções, o estudo controlou fatores que poderiam influenciar o resultado, como região, sexo e idade. A partir dos dados, foi criado um modelo estatístico pelo qual é possível estimar a influência de cada uma das variáveis (educação, renda e cor da pele) no resultado.
Nesse modelo, os fatores que influenciaram o sucesso educacional (chegar ao nível de escolarização indicado para a idade) são os socioeconômicos, mais do que a cor da pele. Por exemplo, a probabilidade de uma criança de 7 anos estar alfabetizada em 1982 cresce quando a educação do chefe de família e a renda da casa são maiores, independentemente de o aluno ser branco, preto ou pardo. A região também influencia, e a probabilidade cresce na seguinte ordem: Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul. Desse modo, a criança nascida na região Norte teria menos chances de estar alfabetizada, e a nascida no Sul, mais chances. Esse padrão de influência da educação dos pais e da renda se repete em todos os níveis analisados — ensino fundamental, ensino médio e superior.
O fato de a região e de a origem social serem mais relevantes que a discriminação por cor traz uma conclusão ruim, na opinião do autor do estudo. "Isso só mostra que o Brasil é um país com baixa mobilidade social e que o peso da origem social é grande. É muito difícil para alguém com renda baixa e cujos pais não tiveram acesso à educação conseguir atingir um nível educacional alto", afirma Osório. Para o especialista, isso pode explicar a manutenção dos negros entre os segmentos de renda mais baixos da sociedade e a perpetuação de uma desigualdade racial que vem dos tempos da escravidão.
Influência importante
Uma parte central do estudo analisa como se comporta a influência da discriminação por cor. A constatação de que o fato de ser negro faz, sim, diferença é sustentada pela observação de que pretos e pardos levam desvantagem em todos os indicadores de acesso à educação, mesmo quando a renda e a escolarização dos pais são iguais às dos brancos. Por exemplo, entre um negro e um branco nascidos entre 1973 e 1977 na região Norte, provenientes de famílias com o mesmo nível de renda e com os pais com o mesmo grau de instrução, eram maiores estatisticamente as chances de o branco estar na universidade em 1996.
Essa diferença em relação à cor é encontrada em maior ou menor escala em praticamente todos os cenários analisados. "A grande novidade que trazemos é conseguir medir onde a discriminação exerce maior influência para atingir a educação. E, nesse sentido, são justamente os negros de classe média que sofreram mais os efeitos negativos da discriminação na geração analisada", afirma Osório.
Para esse segmento da sociedade, ser negro estava relacionado a menor probabilidade de ter entrado na universidade em 1996. O estudo identificou um padrão: quanto maior a disputa por acesso ao ensino (poucas vagas e muitos em condição de concorrer a elas), mais a cor da pele influencia o sucesso educacional — sempre com desvantagem para pretos e pardos.
Nos domicílios de menor renda e menor instrução, a cor da pele faz pouca diferença na probabilidade de uma criança nascida entre 1973 e 1977 ter chegado à faculdade em 1996 — nessas condições, a chance é pequena tanto para pretos ou pardos quanto para brancos. Na outra ponta, quando negros e brancos estão entre o 1% mais rico da população, a influência da cor no acesso à universidade também é pequena: a probabilidade é alta para os dois grupos.
É, portanto, na camada intermediária que a cor pesa mais. Para uma pessoa que estivesse entre os 20% mais ricos do Brasil, nascida no Nordeste em uma família cujo chefe estudou até a quarta série do ensino fundamental, a influência da cor da pele no acesso à universidade é o dobro de uma pessoa com as mesmas características, mas que estivesse entre os mais pobres.
Do mesmo modo, quando havia mais disputa pelas classes de alfabetização, em 1982, ser branco ou negro fazia diferença — era menor a chance de um preto ou pardo estar alfabetizado. Já em 2005, a influência da cor da pele era pequena. O que aconteceu entre os dois períodos? O acesso à alfabetização foi universalizado: quase todos têm oportunidade de atingir esse nível educacional na idade certa. Isso significa, portanto, que, quanto maior o acesso à educação, menor os efeitos da discriminação por cor.
Cotas
Rafael Osório aproveita a conclusão para recuperar um assunto polêmico, não abordado no estudo: "Isso significa que universalizar a educação é melhor do que a política de cotas? Depende da urgência com que o Brasil quer tratar a questão. Dar oportunidade a todos para chegar à universidade realmente acabaria com a desigualdade racial nesse caso. Mas precisamos ver até onde isso é possível de ser feito e a urgência das pessoas que estão na idade de estudar. As cotas podem ser um bom instrumento para corrigir com rapidez essa desigualdade racial, motivada, entre outros motivos, também pela discriminação", afirma.

Você vai dar uma festa e não tem idéia do que tocar para seus convidados? Veja as dicas que A Revista Afro Bahia traz para você.


No comando das pick-ups: Você!

Se você está cansado de ouvir os CDs que tem na sua casa. Se vai dar uma festa e não tem como contratar um DJ e não quer fazer feio. Veja as dicas que A Revista Afro Bahia traz para você. Reunimos um grupo de DJs, especializados em música negra, e o cantor Marco Mattoli, que vez ou outra também discoteca, e pedimos a cada um deles que fizesse uma pequena lista com músicas que eles tocariam numa festa na casa deles. Confira!
Matolli (vocalista da banda Clube do Balanço)Dora – Aniceto do ImpérioEu vou torcer – Jorge BenDe noite na Cama – Erasmo CarlosSorriso Negro – D. Ivone LaraNa subida do morro – Originais do SambaColecionador de amigos – Wilson SimonalNem vem que não tem – Wilson SimonalMaria Rita - João Nogueira Yeah, Yeah, Yeah - União BlackDeixa isso pra lá- Elza SoaresRoxa – Clementina de JesusCoisa da Antiga – Clara NunesPalladium– OrlandivoBoca Loca - Branca Di Neve
DJ MF (Festa - Welcome To Hip Hop/ Alvos da Lei)Change - Joy DenalaneI Know - Jay Z Hip in Keep Moving - Dj Hi-Tek Feat Dion ,Q Tip Kurupt All Good? - De La Soul Feat ChakakanShe Said - PhacydeAvião - Djavan Réu Confesso - Tim Maia Miudinho - Paulinho Da ViolaIn The Mood- Tyrone Davis This Will Be - Natalie Cole
DJ Marco (Sintonia / Cantora Céu)Qual é o Moio ?- Pentágono Looking Up - Hezekiah Ridiculous - MusiqFor the Camera - The Processions Pleasure Before Pain - J .Rowls Silly Girl - Murs feat Joe ScuddaGal Costa – Barato TotalMinnie Riperton – Every Time He Comes AroundWelcome To Jamrock - Damien Marley I Chase The Devil - Max Romeu
DJ Nyack (Festa – Zoeira Hip Hop/Primeira Função)Future - Musiq So Fabulous - Little BrotherThe Plact - Talib KweliSe até às 11h - Ed Motta The Light ( versão 2008) - Common Much More - De La Soul That Girl - Pharrel Jill Scott – A Long WalkLove Thirst – Jean Grae Equality – Afo-ra
DJ Zinco (Festa - 2070)Honey - Erikah Badu The Love Song - Da Bush Babees Feat Mos Def Samba Rock - Seu Jorge Smile - J.Rawls Feat TavarisWalk This Way- Rum Dmc Hot Thing - Talib Kweli Work That - Mary J. BlidgeKnucklehead - Grover Washington JrJust a Touch of Love - Slave
DJ Vivian (Festa - Pegada Preta)EZ up – Slum VillageNow What – ChoklateMr. J Medeiros – Half a DreamLittle Brother/Darien Brockington – Two Steps BluesI Gotcha - Lupe FiascoSay How I Feel- Rhian Benson/Slum Village/DweleWhy Don’t We Fall In Love (Remix)- Amerie Good Life - Kanye WestLet It Go -Keyshia ColeFollow My Lead -50 Cent/Robin Thicke

Cantor pop britânico fará show no brasil


O cantor britânico, Seal, fará uma turnê na América Latina. Ele estará no Brasil entre 25 de Março e 05 de Abril, fará shows em São Paulo, Curitiba e Rio de Janeiro, entre outras capitais (ainda não confirmadas).Seal ficou conhecido na década de 1990 quando ganhou projeção mundial com os sucessos “Crazy” e “Kiss From A Rose” - tema da trilha-sonora do filme Batman Forever, de Joel Schumacher - Seal ganhou diversos prêmios com esta canção. Este ano ele foi indicado ao Grammy na categoria de melhor performance vocal masculina com a faixa “Amazing”, de seu mais recente álbum “System”.Ele apresentará, para o público brasileiro, sua mistura de ritmos que transitam pelo soul, folk, dance, rock e pop. Ainda não foram divulgadas as datas exatas das apresentações em cada cidade, nem onde elas acontecerão. Fique ligado na Revista Afro Bahia. Assim que tivermos a informação divulgaremos.

Movimento de Cultura Popular do Subúrbio


Remanescente do Quilombo Urubu, a comunidade de São Bartolomeu tem uma população de mais de 3.300 moradores, composta em sua maioria de afro-descendentes. Marcado pela pobreza, o bairro tem um alto índice de desemprego, principalmente entre a população mais velha. Pensando nisso, o Movimento de Cultura Popular do Subúrbio (MCPS), que antes trabalhava somente com grupos de cultura, decidiu ampliar a sua atuação também para gerar emprego e renda para a comunidade de São Bartolomeu. O resultado foi a criação do projeto Moda Afro-Cidadã, que deste o início do ano está beneficiando 38 mulheres negras das comunidades de São Bartolomeu e Rio Sena, localizadas na região do Subúrbio Ferroviário de Salvador, no estado da Bahia. As comunidades fazem parte do grupo de 200 terreiros e comunidades quilombolas que, em 2007, foram incluídos no Projeto Empreendedores da Economia Solidária, impulsionado pelo Sebrae/Bahia. De acordo com o coordenador do MCPS, Raimilton Carvalho, o projeto se encontra em fase de conclusão, uma vez que um de seus objetivos principais, que era dar sustentabilidade ao empreendimento, está prestes a ser conquistado. Segundo ele, as produtoras receberam, ao longo do ano, oficinas de capacitação em costura, modelagem e corte, facilitadas por uma estilista contratada pelo projeto. "Agora as mulheres já estão produzindo e comercializando em feiras e na própria comunidade", comemora Raimilton. O empreendimento entra no mercado com a proposta de oferecer uma moda voltada para o público afro-descendente, ramo ainda pouco explorado pelo setor de confecção. "Apesar de 82% da população de Salvador ser de afro-descendentes, as confecções voltadas para a moda afro ainda são muito acanhadas", diz o coordenador. Outra particularidade do empreendimento é a forma como as mulheres trabalham para produzir suas peças. Segundo Roberta Barbosa dos Santos, uma das participantes do projeto, "todas participam de tudo". Se um dia alguém está no setor de corte, no dia seguinte pode estar trabalhando com as máquinas ou até mesmo na administração do empreendimento. Isso, conforme explicou Roberta, faz do Moda Afro uma espécie de empreendimento "sem-patrão". No período de 7 a 11 de novembro, durante a participação do empreendimento da Feira da Mulher, realizada em Salvador, as produtoras puderam ter a primeira resposta do público. "Nós tivemos uma boa aceitação. Já recebemos até encomenda", conta Roberta. A idéia agora é conseguir transformar o empreendimento em uma cooperativa solidária e conseguir um espaço fixo onde possam ser comercializados os produtos confeccionados

sexta-feira

“Precisamos criar um país em que todos possam sentar nos bancos das universidades”


Assim disse o presidente da República Luis Inácio Lula da Silva, para 126 formandos e suas famílias, na cerimônia de colação de grau da primeira turma de administração da Universidade da Cidadania Zumbi dos Palmares (Unipalmares) que busca ampliar o acesso do negro ao ensino superior. Confira na íntegra o discurso do presidente para os formandos da Unipalmares.
Discurso do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, na cerimônia de colação de grau da 1ª turma de formandos da Universidade da Cidadania Zumbi dos PalmaresSão Paulo – SP, 13 de março de 2008Só quero lembrar ao nosso companheiro, governador José Serra, que ele homenageou três meninas – uma menina de quase 60 anos que se formou – que são funcionárias do estado de São Paulo. Só quero te lembrar que agora elas vão te pedir aumento porque melhoraram e vão querer... Essa é a vantagem das pessoas estudarem. O Serra citou o nome de vocês, e vocês não esqueçam nunca. Mas eu quero cumprimentar o governador José Serra, Quero cumprimentar os ministros aqui presentes,Quero cumprimentar a minha companheira Marisa,Quero cumprimentar o governador de Roraima, que está aqui presente,Cumprimentar os deputados federais,Cumprimentar o nosso querido companheiro José Vicente, reitor da Unipalmares, Cumprimentar os paraninfos Geraldo Alckmin e Benedita da Silva,Cumprimentar o Jorge Elias Aoni, representante do Conselho Regional de Administração,Cumprimentar todos os homenageados,Cumprimentar as nossas queridas e queridos formandos, e de coração, agradecer por ter sido escolhido patrono desta gloriosa primeira turma de formandos da Unipalmares,Quero cumprimentar a presidente da UNE, Mas, sobretudo, eu quero cumprimentar os pais de vocês. Quero dizer, meu caro José Vicente, que eu trabalhei a semana inteira em um discurso para hoje à noite. Imaginava que iria falar por volta de 8h30, 9h da noite. Nem quando eu era oposição eu fazia discurso à meia-noite e meia. Eu estou percebendo que nós chegamos numa hora em que fazer um discurso lido, de 40 minutos, é acordar com o ronco de alguns companheiros e companheiras. Eu queria pedir licença aos pais e aos formandos para contar dois casos. Dois casos que, certamente, marcam a vida de milhões de meninas e meninos deste País que, ao terminar o ensino fundamental, ao terminar o 2º grau e prestar vestibular para estudar em uma universidade, se deparam com dois graves problemas.Primeiro, a competitividade para entrar em uma escola pública federal é sempre muito difícil. São muitos alunos e poucas vagas. Segundo, para entrar em uma universidade particular, são muitas vagas e pouco dinheiro para pagar os cursos neste País. Eu penso que nós vamos reverter isso porque, se Deus quiser, ao terminar o nosso mandato em 2010 – espero que o presidente que vier depois faça o dobro do que nós fizemos – nós vamos inaugurar, nada mais, nada menos do que 10 universidades federais novas e vamos inaugurar, no mínimo, 48 extensões universitárias por todo o território nacional, além de 214 escolas técnicas profissionais, que pretendemos entregar ao povo brasileiro até 2010. E Deus queira que quem vier depois de mim, não faça 214, faça 428 e o que vier depois, faça um pouco mais.Eu queria homenagear vocês na figura de duas alunas desta turma, duas jovens negras, orgulhosas de sua origem, que não aceitaram o preconceito como justificativa para o confisco dos seus direitos. Sua vitória é uma resposta a todos que tentam convencer a juventude pobre de que a esperança foi privatizada, mercantilizada, e ficou cara demais para existir em suas vidas. A primeira história é da Elaine Duarte Damião de Moura. Ela é a primeira prova de que quando a gente quer, quando a família vive em harmonia, quando o pai e a mãe desejam, as coisas acontecem. Elaine tem 23 anos, e quando conta sua história de vida ela mesma se entusiasma, ri e comemora ao mesmo tempo, com razão. Parece que foi ontem, ainda. Sua mãe, dona Marilene, dizia à filha prostrada no quarto, resolvida a desistir da faculdade: “Elaine, a gente come sopa de pedra, mas você vai para a faculdade.” Sopa de pedra, a família não chegou a experimentar, mas Elaine engoliu a angústia seca das muitas manhãs em que viu o irmão menor chorando de fome logo cedo. “Pão”, ele pedia pão, diz ela, com a voz embargada. Nem pensar. Não havia pão no café da manhã na casa do vigia desempregado, Valdemar, e de dona Marilene. Valdemar catava papelão na rua, mas nas ruas da periferia de Cotia, na grande São Paulo, onde moram, não havia papelão suficiente para o pão e a mensalidade da faculdade da filha. A mãe voltava a dizer: “A gente come sopa de pedra”. Os amigos e alguns primos de Elaine, que enveredaram por outros caminhos, garantiam que tudo aquilo era uma grande bobagem. Elaine ouvia os pessimistas, calada. Diziam eles: “Isso não vai dar em nada. Você acaba o estudo, e daí? Vai ficar na mesma, como nós”. Então, a roda começou a girar na vida de Elaine, num ritmo que ela tenta reproduzir, embaralhando palavras e sensações. No segundo ano da faculdade, o banco Itaú abriu um concurso para estagiários, uma dúzia de vagas, 176 inscritos. Elaine se inscreveu. No dia 5 de abril de 2005 veio o resultado, e ela gritava: “Passei, passei”, conta, comemorando e vivenciando o tempo tão curto e de tantas mudanças. No dia 11 de janeiro deste ano, a antiga estagiária foi contratada, com carteira assinada pelo Banco. Nesse meio tempo, casou-se. Na faculdade aprendeu algo que já sabia, mas da qual não tinha consciência. As duas coisas não se confundem, como ela mesma explica. Diz ela: “Eu sabia que era negra, claro, mas não sabia o significado de ser negro. Na faculdade convivi com pessoas que tinham uma percepção maior da história e, ainda por cima, tive aula sobre a identidade afro. Isso muda tudo, porque se transforma em consciência e auto-estima. “O orgulho se ser negra eu conquistei na faculdade”, diz ela sorridente. Elaine não tem dúvida de que este é o caminho para evitar que tantos jovens sejam capturados pelo mundo das drogas e do crime, como ainda acontece na periferia onde mora. “Exemplos práticos como o meu são recentes, diz ela, mas aos poucos vou virar uma referência e o caminho vai ficar claro. Escola, oportunidade e consciência”. Elaine fala emprestando à voz a mesma firmeza da mãe, que dizia: “a gente come sopa de pedra, mas a gente vai”. Meus parabéns, querida Elaine. Parabéns.A outra história é da nossa Andressa Amaral Santos. O pai de Andressa, senhor Nelson, é funileiro quando tem trabalho. Dona Solange, a mãe, é diarista e faz faxina no bloco da Cohab em Carapicuíba, onde a família tem cinco filhos, e onde os cinco filhos sempre moraram. Aos sete anos, Andressa já vendia frutas na vizinhança para ajudar na casa. A primeira boneca, ganhou quando já tinha mais de 15 anos de idade. Mas a história mais bonita é a dela mesmo. Andressa foi atendente em casa de pão de queijo e morou na favela do Jaguaré, morou com a tia para ficar mais perto da escola e economizar o dinheiro da passagem. Ela ri da infância atribulada em uma casa onde havia um par de tênis, único, que ia duas vezes por dia à escola. De manhã, nos pés da caçula, que voltava correndo para entregar o sapato para Andressa ir à tarde. Matriculada, por necessidade, no período da tarde. Difícil é recordar as noites frias de Carapicuíba, quando dona Solange a recebia na volta da faculdade, apenas com um copo de água na mão e lágrimas nos olhos. Era tudo o que tinha na casa. Mas no dia seguinte, senhor Nelson e a esposa reuniam os filhos à mesa vazia para reafirmar a decisão da noite anterior. Diziam os pais: “você continua Andressa. A gente passa fome, mas no dinheiro da condução e o da mensalidade ninguém mexe”. Andressa tem orgulho de lembrar dos pais, senhor Nelson e dona Solange, lutando sozinhos para criar a família em um pequeno apartamento na periferia de São Paulo. Só Deus sabe a dor que passaram na travessia de tantas noites de incerteza. Mas, de manhã, eles nunca fraquejavam porque, no fundo, tinham uma esperança de que a solução para a família e para o Brasil é a escola.A formatura de hoje é o fecho de ouro que dá razão à persistência do senhor Nelson e da dona Solange, porque Andressa é uma vitoriosa. A filha, agora, é funcionária contratada do Bradesco. Tornou-se uma mulher altiva e independente, que nunca aceitou ser chamada de moreninha nos ambientes de trabalho. “Moreninha, não”, diz ela. “Sou negra, com orgulho”, avisa aos distraídos. Foi assim que ganhou o apelido carinhoso de “pérola negra”. No Natal de 2007, Andressa resolveu dar um presente a si mesma e a toda a família. Não o primeiro, mas um para redimir a ausência de tantos outros no passado. Ela comprou um carro zero, mas logo foi avisando, com a chave na mão: “o próximo passo é fazer pós-graduação no exterior”.Eu estou falando isso, Andressa, e é bom que o ministro da Educação me escute, que os companheiros da Capes escutem, porque a chance de fazer um curso no exterior não é tão difícil quando a pessoa tem a vontade que você tem. Senhor Nelson e dona Solange agora são outras pessoas. Mantêm a fé e estão cheios de confiança. Na verdade, passaram a sonhar tanto quanto a filha e até voltaram a estudar, animados com o acerto de sua própria receita para o futuro dos filhos e do Brasil. Meus amigos e minhas amigas,Eu fiz questão de ler essas duas cartas citando duas meninas, a Elaine e a Andressa, sabendo que possivelmente seja a vida de outras meninas e de outros meninos. Eu espero que a imprensa que cobriu este evento consiga retratar nos jornais e nos documentários a beleza e a cara destes jovens, destas meninas e destes meninos, que receberam o seu canudo. Muitas vezes, o povo não consegue nem conquistar a auto-estima, porque algumas pessoas não querem deixar. Quando mostram o negro na televisão, normalmente, é sendo preso pela polícia. Agora, eu espero que mostrem a cara destes jovens se formando, que contem a história dos pais para formar estas crianças, que a gente vai poder passar a idéia para a sociedade de que o mundo não é apenas o mundo da criminalidade, que aparece na televisão. Existem outras coisas importantes que o negro faz, que o pobre faz neste País e que muitas vezes não têm o espaço necessário. Se mostrarem o sucesso de vocês, nós vamos mexer com a auto-estima de outras crianças, na idade de vocês, que não tiveram possivelmente o carinho que vocês tiveram dentro de casa. O que aconteceu com vocês só pode acontecer se a família estiver unida, se tiver uma mãe ou um pai que mantenha a rédeas da casa. Se a família estiver desagregada é humanamente impossível, é quase um ato de heroísmo um jovem vencer na vida se a família não estiver unida, porque todos nós, bem ou mal, somos a cara do que os nossos pais são, não apenas no físico, mas no comportamento. É por isso que eu digo sempre, governador José Serra, que no Brasil, durante muito tempo nós discutimos os problemas econômicos e a gente não pensava e não imaginava que a desagregação da estrutura da família era tão grave quanto a questão econômica neste País. Eu digo isso porque fui criado, com oito irmãos, por uma mãe analfabeta. E todos conseguiram se transformar em cidadãos porque tinham na mãe o espelho, porque tinham na mãe o respeito. Eu penso que o que vocês estão fazendo aqui, na Unipalmares, é um exemplo extraordinário. Nós não queremos dividir universidade de negro e universidade de branco, nós não queremos cota, 30 para um, 40 para outro. O que nós precisamos é construir um País em que todos, sem distinção de cor e sem distinção de origem social, tenham a mesma oportunidade de sentar nos bancos das universidades deste País. Quando isso acontecer, não haverá disputa de cotas. Eu era chamado de radical, meu caro Paulo Renato, na década de 80, porque eu dizia que o Brasil seria o Brasil dos nossos sonhos no dia em que a empregada da faxineira estivesse sentada, no mesmo banco da escola, ao lado do filho da sua patroa. Aí, sim, nós estaremos criando uma nação justa, uma nação solidária, em que as pessoas não sejam discriminadas nem pelo berço e nem tampouco pelo sobrenome, e muitos menos pela cor ou pelo credo religioso. O que vocês estão fazendo aqui na Unipalmares é um exemplo extraordinário, meu caro ministro Fernando Haddad, da Educação, meu caro governador José Serra, meu caro prefeito Kassab, que nós precisamos refletir: onde é que a gente entra, sem atrapalhar o que eles já fizeram, para ajudá-los a fazer muito mais. Só o fato de saber que uma grande parte de vocês está trabalhando nos bancos, a gente tem que acreditar que o Brasil começa a mudar, porque a gente não via um negro num banco há muito tempo, a não ser que fosse para depositar dinheiro para o seu patrão. A gente não via um negro dentista, a gente não via um negro médico, poucos negros advogados. Eu me lembro do esforço que eu fiz para encontrar um negro para levar para a Suprema Corte deste País.Essa é uma coisa que vai ter que mudar, e vocês viram aqui, pelo pronunciamento do Governador, do Prefeito, dos ministros. Eu acho que vocês, no fundo, no fundo, com esta formatura, estão nos dando uma lição de vida e muito mais do que isso, estão dando uma lição de vida aos outros que ainda não chegaram ao nível que vocês chegaram, de que não vale a pena desistir nunca e vale a pena acreditar.Aos pais da Elaine e da Andressa que, certamente, são os pais dos outros, eu queria dizer para vocês que nós temos milhões de pais e mães como vocês, que colocaram os filhos no mundo e que darão a vida para que os filhos de vocês tenham o que vocês não tiveram. Eles alcançaram, eles têm o diploma, têm uma profissão, têm um emprego. Agora, não percam a bondade da alma, ajudem os irmãos de vocês a conseguir o que vocês conquistaram, e ajudem os pais de vocês a sentirem cada dia mais a alegria de ter vencido na vida. Não existe espaço para desistir, na vida. Eu digo sempre o seguinte: se desistir valesse a pena, eu não seria presidente da República. Eu perdi três eleições consecutivas, teimei e cheguei à Presidência da República. Portanto, neste País, se a gente persistir, a gente vence. Eu queria terminar dizendo a todos vocês, formandos, que valeu a pena viver até o dia de hoje para assistir este acontecimento. Eu acho que não tem, na história da América Latina, com exceção de Cuba, não tem no Brasil um momento histórico em que a gente tenha tantas pérolas negras e tantos diamantes negros formados numa mesma noite.Que Deus os abençoe por toda vida, e que Deus abençoe os seus pais.

quarta-feira

Biografia: Mestre Tonho Matéria

Nome Completo: Antonio Carlos Gomes Conceição
Data de Nascimento: 12 / 05 / 1964
Grupo: Associação Cultural de Capoeira Mangangá
Cidade: Salvador - Ba

Biografia:

O Primeiro artista a colocar a capoeira nos shows musicais foi o Cantor, Compositor, Publicitário, Produtor Cultural e Mestre de Capoeira Antonio Carlos Gomes Conceição, conhecido como Tonho Matéria, nasceu no dia 12 de maio de 1964 na cidade de São Salvador – Bahia. Filho de Agripino Gomes da Conceição e Eufrosina Maria dos Santos e pai de Allan e Raysson. Começou a trabalhar com 8 anos de idade com sua mãe vendendo acarajé. Em 1976 com 12 anos resolveu que queria ser capoeirista porque nas festas de largo em Salvador via muitas rodas de capoeira principalmente a do Mestre Caiçara que anos depois foi freqüentador constante.
A primeira vez que vadiou à capoeira foi através de dois amigos Vando e Tico (irmãos) que o convidou para uma roda na porta da casa deles ao som do LP do mestre Suassuna, foi ai então que ouviu pela primeira vez Músicas de capoeira gravadas, achou incrível a ponto de se entregar de corpo e alma a arte da capoeiragem.
Viu que sentia necessidade de aprender a arte com auxilio de um Mestre, então procurou o Mestre King Kong para treinar, e daí por diante não parou mais. King Kong viajou para a Alemanha e ele não ficou parado, procurou a academia do Mestre Geni Capoeira do Grupo Zambiacongo e foi treinar com o Mestre Roberto ( Macaco ) hoje ele mora na Austrália. Treinou com macaco uns seis meses, com ele aprendeu a seqüência de Bimba e o esquenta banho foi um período bom para o desenvolvimento do menino que sonhava tanto em ser capoeirista.
Roberto (King Kong) retornara a Salvador daí então foram 23 anos treinando juntos. Tonho Matéria tinha um apelido na época, conhecido como Pele de Onça por causa de uma causa que ele usava toda vez que ia pras festas de largo jogar, Tonho também participou de vários shows folclóricos com o grupo Ogum Katendê, foi campeão baiano em dupla com seu mestre em 1985, foi o primeiro artista a jogar capoeira nos seus Shows musicais, quando ainda estava cantando com o Ara Ketu na Guiana Francesa.
Tonho viveu a sua infância e adolescência estudando, trabalhando e jogando capoeira. Formado em contabilidade, Tonho é hoje uns dos mais respeitado compositor, cantor e capoeirista do Brasil.
Começou sua carreira artística cantando em blocos afro como: Ébano, Amantes do Reggae, Olodum, Ara Ketu, Afreketê e grupos como: Oba Oba, Ganzá, Coruja Junina, Amigos dos Fias e Obatalá.
Com mais de 300 músicas gravadas por grandes intérpretes da música popular baiana brasileira como: Leci Brandão, Daniela Mercuri, Ara Ketu, Olodum, É o Tchan, Beth Carvalho, Chiclete com Banana, Asa de Águia, Terra Samba e muitos outros. Tonho gravou seu primeiro disco solo em 1989 logo que saiu do Olodum. Virou sucesso em todo país com seu segundo disco Ta na Cara com a musica Melo do Tchaco. Ai não parou mais de produzir, fez ao todo 7 cd´s, formou o grupo de pagode Coisa de Bamba, fez um disco de capoeira A Força de Zumbi (Grupo Bahia Capoeira) do seu Mestre, com suas músicas que são cantadas nas rodas desde que começou a jogar, ganhou vários prêmios importantes com suas músicas a exemplo de: Premio Imprensa 1989 melhor música e melhor compositor do ano, Premio Troféu Caimmy 1988 / 89 compositor mais gravado do ano, Premio Sharp 1991 melhor música do ano categoria samba concorrendo com Paulinho da Viola e Martinho da Vila, Premio Troféu Bahia Folia 1990 (Desejo Egotismo) Música mais cantada nos carnavais, Premio Troféu Exclusiva melhor destaque do ano 1990, Premio Troféu Bahia Folia 1994 melhor destaque do ano, Premio qualidade do Brasil 1998 / 99 / 2000, Premio Troféu Jorge Amado 2002 melhor puxador de trio. Foi capa de varias revistas musicais e de capoeira, participou do Festival de Montreux na Suíça e além de ser o cantor principal do Olodum.
No dia 17 de novembro de 2006 foi homenageado na Câmara Municipal de Salvador com a Medalha Zumbi dos Palmares pelo Vereador Laudelino Conceição - Lau.
Tonho desenvolve um trabalho social com a capoeira no Bairro aonde nasceu e foi criado, pra mais de 400 crianças, adolescentes e adultos com a sua Associação Cultural de Capoeira Mangangá que já tem filiais em Salvador nos bairros: Iapi, Sete de Abril, Águas Claras, Castelo Branco, Stiep, Nova Brasília e Caixa d’água e nos Municípios: São Roque do Paraguaçu, Lauro de Freitas e Simões Filho e pensa em construir a casa da capoeira no bairro do Pau Miúdo.
Também é diretor da LIBAC Liga Baiana de Capoeira, membro do Conselho Fiscal do Forte da Capoeira, diretor do Fórum de capoeira na cidade de Lauro de Freitas Junto com os Mestres Reginaldo ( Associação de Capoeira Toques de Berimbaus ) e Boca (Associação de Capoeira Alegria do Mestre Canjiquinha ) e fundador - Presidente da Associação Cultural de Capoeira Mangangá. Além de escrever artigos para a revista Praticando Capoeira, pro jornal O Capoeira e sites eletrônicos de capoeira.

Histórico do Mestre Tonho Matéria
Campeão Baiano de Capoeira em dupla em 1985 no Ginásio Antonio Balbino pelo Instituto Baiano de Medicina Desportiva.
Dançou em diversos grupos folclórico no Hotel Mediterranee, nas casas de show Moenda e Tenda dos Milagres na Escola Parque da Bahia, no Hotel da Bahia e nos países: França, Bélgica, Suíça e Goiana Francesa.
Fez um CD de Capoeira A Força de Zumbi, quando participava do Grupo Bahia Capoeira
Foi matéria da Revista Ginga Capoeira ano 3 edição 23
Foi matéria da Revista Liberdade Capoeira ano 1 edição 3
Foi matéria na revista Praticando Capoeira ano II edição 26 e teve a letra da musica sou mangangá publicada nessa edição.
Foi matéria na revista Ginga Capoeira numero 1
Foi capa da Revista Praticando Capoeira Ano I Nº 07 e teve a Capa do CD e a letra da música Vamos Capoeirá publicados na edição Ano I Nº 13
Participou do Grupo Vamos Capoeirá em 1987 com Contra- Mestre Edmilson, Contra Mestre Vando, Mestre King Kong (Bahia Capoeira), Mestre Benivaldo (Barro Vermelho), Mestre Dendê (Mus-Capoeira), Mestre Reinaldo (Terra Samba e Porto Da Barra), Mestre Raimundo (Kilombolas), Mestre Bira e Mestre Dedé (Kilombolas)
Participou de um vídeo sobre Mestre João Pequeno a convite do Mestre Barba Branca.
Tem diversas músicas sendo cantadas nas rodas de capoeira do Brasil inteiro. Exemplo: Vamos Capoeirá, Essa Arte, Baila o Corpo Etc.
Fez um clip no Pelourinho Cantando “Desejo Egotismo” com a participação Especial de Paulinho Camafeu, Mestre Bamba com a Associação de Capoeira Mestre Bimba e Mestre Vermelho.
Gravou um CD intitulado Kilombolas Mangangá com o grupo Kilombolas do mestre Dedé
Gravou um CD Sou Mangangá
Foi homenageado pela Câmara dos Vereadores com a Medalha Zumbi dos Palmares
Criou o Bloco Afro Mangangá
Idealizador do tema CAPOEIRA para o carnaval baiano de 2008 funtamente com Badá, Clarindo Silva e Mestre Boa Gente.

Contato: tonhomateria@yahoo.com.br

quinta-feira

Bahia resgata cultura afro com turismo étnico




Com o objetivo de resgatar a cultura afro, a Bahia começa a divulgar o roteiro de turismo étnico, uma iniciativa da Secretaria do Turismo do Estado (Setur). “De cada dez baianos, oito são afro-descendentes e temos que valorizar aquilo que temos para oferecer”, afirma Domingos Leonelli, secretário de Turismo do estado. O turismo étnico pretende conquistar não apenas brasileiros vindos de outras regiões do país, como também os norte-americanos. “Há condições favoráveis para estimular a vinda de negros dos Estados Unidos para conhecer a Bahia. Muitos querem buscar sua identidade”, diz Leonelli. Salvador reúne vários pontos que merecem visitação. A Festa de Nossa Senhora da Boa Morte, realizada na cidade de Cachoeira, também integra o roteiro. De acordo com o secretário, a intenção do novo programa é fazer com que os turistas passem mais tempo na Bahia e, conseqüentemente, gastem mais, favorecendo a economia local.
Conheça um pouco mais sobre as cidades que fazem parte desse roteiro:
Salvador
Rita Barreto/Divulgação
Salvador reúne pontos turísticos construídos por escravos (Foto: Rita Barreto/Divulgação)
Como chegar: A BR-101 e a BR-116 ligam a Bahia ao restante do país. Essas rodovias passam por Feira de Santana, que fica a 107 km de Salvador, via BR-324. Onde ficar: albergues (R$ 30, diária individual para quartos coletivos, com café da manhã), pousadas (R$ 80, diária para casal, com café da manhã), hotéis (R$ 270, diária para casal, com café da manhã). O que merece visita: Parque Dique do Tororó: Feito pelos escravos no período da invasão dos holandeses. É uma lagoa artificial que ganhou área de lazer, anfiteatro ao ar livre, decks para pesca. Elevador Lacerda, Igreja Nosso Senhor do Bonfim, Catedral Basílica, Forte do Monte Serrat. Passeios: Ida à ilha da Maré, ponto rústico onde os habitantes vivem da pesca e do artesanato. O meio de locomoção permitido na ilha é o jegue. Automóveis são proibidos. Informações: Secretaria de Cultura e Turismo, telefone (71) 3340-5832.

Cachoeira
Rita Barreto/Divulgação
Festa de Nossa Senhora de Boa Morte atrai turistas a Cachoeira (Foto: Rita Barreto /Divulgação)
Como chegar: De Salvador, pela BR-324, por 59 km, até o entroncamento da BA-026, percorrendo-se mais 11 km até Santo Amaro. A partir desta cidade, siga para Cachoeira pela mesma BA-026, por mais 38 km. Onde ficar: pousadas (R$ 110, diária para casal, com café da manhã). O que merece visita: Igreja de Nossa Senhora da Boa Morte. A Festa de Nossa Senhora da Boa Morte acontece na primeira quinzena do mês de agosto e costuma reunir turistas na região. Passeios: Lago da Pedra do Cavalo e Bacia e Lago de Vila Santiago do Iguape. Informações: Secretaria de Cultura e Turismo - Rua Ana Nery, nº 27 – Centro. Horário de funcionamento: 8h às 12h - 14h às 17h. E-mail: turismo@cachoeira.ba.gov.br, cultura@cachoeira.ba.gov.br

Maragogipe
Rita Barreto/Divulgação
Peças de artesanato trazem valores da cultura afro (Foto: Rita Barreto/Divulgação)
Como chegar: Saindo de Salvador, pela BR-324, por 59 km, até o entroncamento da BA-026, percorre-se mais 11 km, até Santo Amaro. A partir desse ponto, siga para a Cidade de Cachoeira pela mesma BA-026, por mais 38 km. De Cachoeira, atravesse a ponte D. Pedro II para São Félix e siga por 23 km em direção sul, até Maragogipe. Onde ficar: pousadas (R$ 40, diária para casal, com café da manhã). O que merece visita: Centro histórico, que resgata a arquitetura colonial. Passeios: Praia do Pina, Cachoeira do Urubu e Lagamar. Dicas: Para conhecer o centro histórico da cidade é importante vestir roupas confortáveis para agüentar as caminhadas. Em Lagamar, é interessante alugar um barco para visitar a região. Uma parada na Gruta do Sol para um banho de cachoeira está entre as opções preferidas dos turistas. Informações: Secretaria de Turismo de Maragogipe, telefone (75) 3526-1032.

Santo Amaro
Rita Barreto/Divulgação
Baianas simbolizam resgate da cultura afro (Foto: Rita Barreto/Divulgação)
Como chegar: Saindo de Salvador, pela BR-324, por 59 km, até o entroncamento da BA-026. Daí até Santo Amaro percorre-se mais 11 km. Onde ficar: hotéis (R$ 35, diária para casal, com café da manhã), resorts (R$ 280, diária para casal, com café da manhã e jantar).O que merece visita: Igreja Nossa Senhora da Purificação. No mês de fevereiro, acontece a tradicional lavagem da escadaria, organizada por Dona Canô com a participação de mais de 400 baianas. Também é válido passar em frente à casa onde Caetano Veloso e Maria Bethânia moravam quando crianças. Dica: Aproveite para comprar o autêntico azeite de dendê produzido na região.
Informações: Secretaria de Turismo de Santo Amaro, telefone: (75) 3241-8451.