segunda-feira
Menino dos olhos
“A primeira coisa que observo na mulher é o sorriso”, revela HUGO MENTZINGEM, carioca de 24 anos que estréia como modelo. Ele trabalha como vendedor e vitrinista e foi incentivado por uma cliente a seguir a carreira artística. “Ela mesma se encarregou de me fotografar e me apresentar para algumas agências”, ele conta. Não deu outra: foi aprovado na hora. “E comecei com o pé direito. ” Hugo gosta de mulheres carinhosas, românticas e bem-humoradas, e admira as independentes. “Gosto de surpreender e ser surpreendido com loucuras de amor”, segreda o negrogato de 1,89 metro de altura, corpo sarado e olhos verdes, que se confessa vaidoso e adora black music. “Se for pra dançar acompanhado, melhor ainda!”
sexta-feira
TELEVISÃO
Um passeio por Benin O cotidiano da população do Benin pode ficar bem mais conhecido por nós aqui no Brasil. É que estréia na Globo News, os Retornados. São três programas semanais. Os comandantes dessa fita são o repórter Claufe Rodrigues, o produtor Alexandre dos Santos e o repórter cinematográfico Paulo Pimentel. A série trata da história das famílias de aventureiros e ex-escravos brasileiros que voltaram para a África após a abolição da escravatura no Brasil. No país, os descendentes dos retornados contabilizam cerca de 6% da população. O Benin situa-se na África Ocidental, no Golfo da Guiné, entre o Togo e a Nigéria. Durante muitos séculos, países coloniais europeus traficavam escravos na região costeira daquele país.
FAMA, TALENTO, SUCESSO!
Menina prodígio, Shirley Carvalho começou a cantar aos quatro anos em corais gospel. Tamanha desenvoltura fazia com que a garotinha de São José dos Campos, São Paulo, arrancasse lágrimas e aplausos dos espectadores. Fã incondicional de Whitney Houston, com quem é constantemente comparada, ela estreou na TV cantando no programa Raul Gil – ficou em primeiro lugar no concurso “Quem Sabe Canta. Quem Não Sabe Dança”. Anos depois foi aprovada entre os 15 mil inscritos para a segunda temporada do programa Ídolos, no SBT, conquistando o segundo lugar. Agora, a cantora que já faz sucesso no exterior – ela acaba de voltar de uma turnê nos Estados Unidos – se prepara para gravar o primeiro CD e DVD. Sucesso garantido!
Mestres-de-cerimônia
O apresentador do Globo Ciência Alexandre Henderson e a atriz Roberta Rodrigues foram os mestres-de-cerimônias da formatura dos alunos do Projeto Poronga em Rio Branco. Uma parceria entre a Fundação Roberto Marinho e o Governo do Estado do Acre. O evento contou com a presença do governador Binho Marques, da secretária Estadual de Educação Maria Corrêa e da gerente de educação e implementação da Fundação Roberto Marinho, Marisa Guimarães. “Adorei conhecer o Acre, ouvir as histórias dos heróis acreanos. Fui muito acolhido e pude constatar o quanto o Estado tem sido uma referência em educação para o país”, debulhou-se o apresentador.
FESTA BLACK
O paulista Zezão – como é conhecido por onde passa arrastando multidões – é um promoter de sucesso. Há dez anos ele vem lotando casas noturnas com festas black que chegam a reunir seis mil pessoas em uma noite. Em um dos eventos, no litoral paulista, arrastou uma multidão de amantes da black music. O segredo do sucesso? Ele é modesto: “Humildade e profissionalismo. Não fico assistindo tudo de camarote, me envolvo de verdade. Toco e danço qualquer ritmo, tudo sem preconceito. O que quero mesmo é ver a comunidade tirando onda... Todo mundo no estilo, muito feliz. Esse é o melhor pagamento para o meu trabalho.”
ARTE e inspiração
Se depender de talento e bom gosto, ela vai longe! A inspiração para o seu trabalho é a “pequena notável” Carmem Miranda. “O sucesso que venho alcançando é o resultado de muita luta e perseverança”, revela a estilista carioca Vanessa Nascimento, que criou uma linha de sandálias e vem fazendo sucesso entre anônimas e famosas. “Sou neta de sapateiro e sempre fui atraída pela arte de calçar.” Hoje ela cria modelos exclusivos para personalidades e exporta para vários países. “Estou fazendo uma linha exclusiva para os homens”, comemora.
quinta-feira
Olha que coisa mais linda!
Olha que coisa mais linda! Não é um orgulho para a nossa raça? A princesa em questão é PALOMA OLIVEIRA. A dona de hipnotizantes olhos verdes, lábios sedutores e um jeitinho apaixonante está sem namorado, mas já vai avisando aos interessados que admira homens românticos, companheiros e carinhosos. “Toda mulher gosta de ser tratada com respeito e muita dedicação”, frisa a paulista de Ribeirão Pires, ela acaba de ser aprovada para trabalhar fora do país.
quarta-feira
Rádio na escola amplia os horizontes de jovens protagonistas
Por Priscilla Brito
A comunicação mediada por recursos tecnológicos pode estar a serviço da educação, promovendo diálogos que gerem uma nova relação entre a escola e a sociedade.
Mais comunicação para melhorar a educação
A dificuldade de comunicação impede a socialização do conhecimento. O verbo comunicar deriva do latim – communicare – e significa fazer saber; tornar comum; participar; estabelecer ligação; unir; ligar.
A falta de diálogo na escola é atribuída a uma série de fatores: falta de tempo ou mesmo de espaço físico para o encontro. Mas há também uma carência de abertura autêntica para o diálogo.
Assim, o principal objetivo de um projeto educomunicativo centrado no rádio deve ser melhorar a relação entre os sujeitos que atuam na escola e desta com a comunidade – promovendo a troca, a união, a comunicação.
A criação de uma rádio na escola deve, portanto, promover a participação crítica e igualitária dos indivíduos, permitindo que todos os segmentos possam se expressar, discutindo e refletindo sobre seus problemas, suas idéias e inquietações, mediando diálogos que nem sempre são possíveis face a face.
Poderemos, desse modo, construir uma rede comunicativa democrática onde as pessoas sejam respeitadas e reconhecidas pelas mais diversas potencialidades e competências.
A participação e o protagonismo do jovem podem ser incentivados por projetos educomunicativos, utilizando o rádio.A falta de diálogo na escola é atribuída a uma série de fatores: falta de tempo ou mesmo de espaço físico para o encontro. Mas há também uma carência de abertura autêntica para o diálogo.
Assim, o principal objetivo de um projeto educomunicativo centrado no rádio deve ser melhorar a relação entre os sujeitos que atuam na escola e desta com a comunidade – promovendo a troca, a união, a comunicação.
A criação de uma rádio na escola deve, portanto, promover a participação crítica e igualitária dos indivíduos, permitindo que todos os segmentos possam se expressar, discutindo e refletindo sobre seus problemas, suas idéias e inquietações, mediando diálogos que nem sempre são possíveis face a face.
Poderemos, desse modo, construir uma rede comunicativa democrática onde as pessoas sejam respeitadas e reconhecidas pelas mais diversas potencialidades e competências.
Se considerarmos as ações que marcam as fases de desenvolvimento da criança – andar, falar, ler e escrever – podemos ver o rádio como uma grande aliada, por exemplo, no processo de alfabetização. Através da emissora escolar, crianças e adolescentes terão a possibilidade de aprender a falar publicamente desde cedo, vencendo a timidez e elevando sua auto-estima. Com isso, terão mais facilidade e criticidade na leitura e na escrita, bem como mais responsabilidade sobre o que falam e escrevem. Desenvolver a expressão oral dos alunos significa, portanto, favorecer o protagonismo juvenil, apostando nas novas gerações e investindo em cidadania.
A comunicação mediada por recursos tecnológicos pode estar a serviço da educação, promovendo diálogos que gerem uma nova relação entre a escola e a sociedade.
Para ilustrar o que estamos falando, sugerimos uma visita ao site da Revista Viração um dos projetos apoiados pelo NCE-ECA/USP que tem por objetivo promover a emancipação dos jovens de forma criativa e responsável, estimulando a versão da linguagem oral em linguagem escrita e incentivando a liberdade de expressão.
Logo, ter como objetivo fomentar o protagonismo entre os jovens exige que repensemos nossos próprios valores e, principalmente, nossa postura frente a eles. Só assim conseguiremos criar – e é bem esta a palavra – criar – processos e procedimentos que redimensionem as relações entre a escola e a sociedade.
Logo, ter como objetivo fomentar o protagonismo entre os jovens exige que repensemos nossos próprios valores e, principalmente, nossa postura frente a eles. Só assim conseguiremos criar – e é bem esta a palavra – criar – processos e procedimentos que redimensionem as relações entre a escola e a sociedade.
Escolas terão de ensinar cultura afro-brasileira e indígena
Por Adenilton Cerqueira
Entrou em vigor a lei que torna obrigatórias as aulas de história da cultura indígena e afro-brasileira, assinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. As aulas serão obrigatórias para os alunos do ensino médio e fundamental de escolas públicas e particulares. A intenção é ensinar aos alunos os aspectos da história e da cultura que caracterizam a formação da população brasileira, a partir da história destes povos.
De acordo com o Ministério da Edcuação (MEC), a nova disciplina será implementada gradualmente, de acordo com o desenvolvimento do material didático e da formação de professores capacitados para ensinar a matéria. Eles serão capacitados para ensinar história da África e dos africanos, a luta dos negros e dos povos indígenas no Brasil.
A expectativa é que as escolas consigam valorizar o papel do negro e do índio na formação da sociedade, resgatando sua contribuição social, econômica e politica.
Entrou em vigor a lei que torna obrigatórias as aulas de história da cultura indígena e afro-brasileira, assinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. As aulas serão obrigatórias para os alunos do ensino médio e fundamental de escolas públicas e particulares. A intenção é ensinar aos alunos os aspectos da história e da cultura que caracterizam a formação da população brasileira, a partir da história destes povos.
De acordo com o Ministério da Edcuação (MEC), a nova disciplina será implementada gradualmente, de acordo com o desenvolvimento do material didático e da formação de professores capacitados para ensinar a matéria. Eles serão capacitados para ensinar história da África e dos africanos, a luta dos negros e dos povos indígenas no Brasil.
A expectativa é que as escolas consigam valorizar o papel do negro e do índio na formação da sociedade, resgatando sua contribuição social, econômica e politica.
Bahia é ‘meca de turismo afro-americano’, diz jornal
SALVADOR - A Bahia virou uma meca para turistas negros americanos que buscam entender melhor a herança e as tradições africanas, de acordo com uma reportagem publicada neste domingo pelo diário americano “Los Angeles Times”.
De acordo com a reportagem assinada por Patrick J. McDonnel, milhares de americanos - e quase todos negros - visitam o estado todo o ano em busca desse resgate do passado.
“O progresso crescente dos negros americanos de classe média criou renda e tempo disponíveis e um ‘boom’ de turismo multibilionário. O Brasil pode ainda não rivalizar com a África como destino turístico ‘raiz’, mas aqueles que buscam uma experiência histórica estão convergindo para a Bahia”, diz a reportagem.
Um dos exemplos encontrados pelo LA Times foi o consultor Semaj Williams que, embora seja natural de Nova Jersey, se identifica “totalmente” com o Brasil.
“Para mim, está evidente que em outra vida eu fui brasileiro”, disse Williams. “Tenho certeza: o Brasil é um dos meus lugares.”
Herança viva
Para muitos, segundo o jornal americano, a cultura africana foi muito diluída nos Estados Unidos, mas ainda pode ser vista no dia-a-dia dos baianos.
Nem mesmo a barreira da língua dificulta a identificação dos turistas afro-americanos com os negros brasileiros, segundo a reportagem.
Tradições populares comuns na Bahia, segundo o jornal, “evocam para muitos o fantasma da escravidão e as suas conseqüências, trazendo à tona lembranças de uma tradição oral passada adiante por falecidos avós e bisavós.
Nos Estados Unidos, agências de turismo especializadas em clientes afro-americanos lotam hotéis baianos e vendem pacotes que incluem escala no Rio de Janeiro e outras cidades brasileiras.
Mas o ponto alto da viagem, segundo o LA Times é o festival de Nossa Senhora da Boa Morte.
“É uma encarnação clássica do sincretismo religioso: elementos do catolicismo importado pelos portugueses coexistem com a devoção afro-brasileira, em especial, o credo conhecido como Candomblé”, diz a reportagem.
“Nós afro-americanos falamos da nossa conexão com a África, mas não temos muitas provas dessa conexão. Quando vamos para o Brasil, tudo fica evidente e faz sentido”, afirma, na reportagem, Wande Know Gonçalves, uma professora afro-americana que se apaixonou pelo Brasil e por um brasileiro, e hoje mora na Bahia.
De acordo com a reportagem assinada por Patrick J. McDonnel, milhares de americanos - e quase todos negros - visitam o estado todo o ano em busca desse resgate do passado.
“O progresso crescente dos negros americanos de classe média criou renda e tempo disponíveis e um ‘boom’ de turismo multibilionário. O Brasil pode ainda não rivalizar com a África como destino turístico ‘raiz’, mas aqueles que buscam uma experiência histórica estão convergindo para a Bahia”, diz a reportagem.
Um dos exemplos encontrados pelo LA Times foi o consultor Semaj Williams que, embora seja natural de Nova Jersey, se identifica “totalmente” com o Brasil.
“Para mim, está evidente que em outra vida eu fui brasileiro”, disse Williams. “Tenho certeza: o Brasil é um dos meus lugares.”
Herança viva
Para muitos, segundo o jornal americano, a cultura africana foi muito diluída nos Estados Unidos, mas ainda pode ser vista no dia-a-dia dos baianos.
Nem mesmo a barreira da língua dificulta a identificação dos turistas afro-americanos com os negros brasileiros, segundo a reportagem.
Tradições populares comuns na Bahia, segundo o jornal, “evocam para muitos o fantasma da escravidão e as suas conseqüências, trazendo à tona lembranças de uma tradição oral passada adiante por falecidos avós e bisavós.
Nos Estados Unidos, agências de turismo especializadas em clientes afro-americanos lotam hotéis baianos e vendem pacotes que incluem escala no Rio de Janeiro e outras cidades brasileiras.
Mas o ponto alto da viagem, segundo o LA Times é o festival de Nossa Senhora da Boa Morte.
“É uma encarnação clássica do sincretismo religioso: elementos do catolicismo importado pelos portugueses coexistem com a devoção afro-brasileira, em especial, o credo conhecido como Candomblé”, diz a reportagem.
“Nós afro-americanos falamos da nossa conexão com a África, mas não temos muitas provas dessa conexão. Quando vamos para o Brasil, tudo fica evidente e faz sentido”, afirma, na reportagem, Wande Know Gonçalves, uma professora afro-americana que se apaixonou pelo Brasil e por um brasileiro, e hoje mora na Bahia.
quinta-feira
O ator Lázaro Ramos revela que, além do Teatro, descobriu na escola pública lições para a vida toda
Quando estudou no Colégio Estadual Anísio Teixeira, Lázaro Ramos ingressou pela primeira vez em aulas de Teatro. O contato com textos interessantes e “com o sentimento das pessoas” veio através de um professor inesquecível e do convívio com a comunidade no dia-a-dia da escola. Nos anos em que freqüentou a escola pública, o garoto tímido aprendeu lições de solidariedade e cidadania, importantes para a formação que precisava para ingressar na profissão de ator, pouco tempo depois, no Grupo de Teatro Olodum.
Aos 26 anos, Lázaro Ramos é o ator baiano mais prestigiado da atualidade. No cinema, atuou em 11 filmes e recebeu 10 prêmios nacionais e internacionais pela atuação. Na televisão, Lázaro faz sucesso na principal emissora do país.
É um dos protagonistas do seriado Sexo Frágil - que este ano vai à terceira temporada. Além disso, ele planeja a volta ao Teatro, numa peça que está escrevendo, inspirado nas férias da própria infância.
Nesta entrevista, Lázaro Ramos incentiva os estudantes afro-brasileiros a acreditar em si mesmos, valorizar a auto-estima e a descobrir o papel transformador que devem ter no mundo. À escola de hoje, ele dá sugestões de como estimular a igualdade entre alunos de diferentes cores e origens. Mas houve espaço para lembranças de menino também: “Na gincana do colégio, tinha aquelas provas engraçadas de conseguir, sei lá, 100 gordos de 20 anos, por exemplo”, sorri.
Revista Afro Bahia:
1. Como foram seus primeiros anos de escola? Que influência tiveram em sua carreira?
Estudei em duas escolas particulares de bairro, uma na Federação e outra no Garcia. Depois fui para o Colégio Estadual Anísio Teixeira, na Caixa D’água, onde entrei em contato com o Teatro. Foi uma experiência maravilhosa de enriquecimento cultural. Tive as primeiras noções sobre a situação do País e suas necessidades. Tive contato com textos e com o sentimento das pessoas. Eu tinha 14 ou 15 anos, e aquele período foi muito importante para minha formação. Lembro da gincana, uma programação que proporcionava muitas atividades tanto de solidariedade – arrecadação de roupas e alimentos - até aquelas mais engraçadas como conseguir 100 gordos com idade de 20 anos, por exemplo (risos). Eram momentos de integração dos alunos com a própria escola.
Revista Afro Bahia:
2. Qual o professor que mais lhe influenciou?
Eu tive a sorte de ter bons professores. Dois deles eu lembro bem. O professor de Teatro, Albérico Alves, que era também o vice-diretor do Colégio Anísio Teixeira, me ofereceu lições de educação muito preciosas e sempre ensinava sobre as nossas obrigações como cidadão. E a professora Idalina Alves, no curso técnico de patologia, em São Francisco do Conde, que dava aulas de Técnica de Patologia, tinha um brilho nos olhos, que não tem preço. É muito difícil se estimular numa escola pública, mas quando os professores têm vontade de ensinar, de preparar os alunos pra vida, isso faz toda a diferença!
Revisra Afro Bahia:
3. O que você mudaria na escola que freqüentou na infância ou na adolescência?
Tanta coisa... Principalmente, mudaria o relacionamento entre os professores e os alunos. Daria mais estímulo aos professores para que tivessem mais brilho nos olhos. Mais salários, mais capacitação, mais programas de formação. Também acho necessárias maior quantidade e variedade de matérias opcionais. Acho que matérias opcionais têm maior poder de trazer os alunos para o convívio da escola. Vivi numa época em que a escola fazia parte da comunidade.
Revista Afro Bahia:
4. Você freqüentou o curso técnico, numa rotina diária que começava às 4h30, incluía ensaios do grupo de teatro Olodum, às 17h, e terminava meia-noite. Qual a importância da formação técnica para o ingresso no mercado de trabalho?
O curso técnico foi muito importante pra mim, porque me deu a oportunidade de um trabalho imediato, para me sustentar e sustentar minha casa. Enquanto isso, eu também tive tempo para estudar outras coisas e investir na profissão que eu queria. Eu tenho consciência de que ainda preciso cursar uma faculdade, porque é de fundamental importância para qualquer profissão. Mas, naquele momento, o curso técnico foi necessário para suprir uma necessidade emergencial, digamos assim.
Revista Afro Bahia
5. O que é semelhante na dedicação de um bom artista e de um bom estudante?
Pra vida toda de todo mundo é muito importante saber escolher bem. A vida de estudante ou em qualquer outra área depende de escolhas bem feitas. É preciso estudar constantemente, não dá para perder tempo. O conhecimento é a única coisa que ninguém pode tirar de você. Tanto para o bom aluno, como para o bom artista também é muito importante acreditar em si mesmo o tempo todo. È preciso que a gente entenda o mundo e entenda que a gente faz parte da mudança que acontece no mundo. A gente não pode ser levado pela maré. O mar também é resultado do movimento que os peixes fazem.
Revista Afro Bahia
6. Numa entrevista recente à Istoé, você afirmou “Tem um animal dentro de mim que às vezes salta quando me sinto diminuído, discriminado”. Como você aconselha um jovem negro a lidar com o preconceito na escola ou na vida profissional?
A auto-estima é fundamental. Pode empinar o nariz, porque faz parte. Em qualquer área da vida, tem que se gostar, acreditar em si mesmo. A gente não pode se deixar diminuir; precisa saber e exigir mesmo os direitos. As nossas qualidades profissionais, éticas e de caráter ninguém pode tirar da gente.
Revista Afro Bahia
7. No seu novo filme “Meu tio matou um cara”, o Duca (personagem vivido por Darlan Cunha) comenta ser o único aluno que ninguém pode chamar de “idiota” dentro da classe, porque a professora sempre o defende por ser negro. Como a escola pode se preparar para lidar com questões de racismo?
Eu acho que a escola deve tratar com igualdade todos os estudantes, defendendo a valorização do caráter e das qualidades de cada um, independente da cor. Acho que uma boa estratégia para o professor incentivar a igualdade é utilizar trabalhos em grupo, mesclando meninos de todas as cores e origens, integrando os alunos em atividades de parceria. O professor também pode estimular o aluno a se sentir bacana, elogiar, pegar na orelha mesmo e dizer que vale a pena se esforçar para fazer o melhor na escola.
A comunidade de afro-brasileiros tem uma defasagem, a nossa base de educação é fraca. É preciso que o ensino de base seja fortalecido, senão, no momento em que você concede cotas, você está dando e tirando ao mesmo tempo, porque coloca na universidade uma pessoa que não tem preparo para acompanhar. Acho que o sistema de cotas é necessário, porque há anos o percentual de afro-brasileiros na universidade é muito pouco.
Olha, outra coisa que eu noto é que faltam nos currículos a história e a cultura da população negra. Na época em que eu estudava, esse assunto era dado numa parte muito pequena dos capítulos. Podia-se falar mais dos heróis negros, mais da história de Zumbi. Estudar esses temas seria muito importante num ambiente tão rico como o universo escolar.
Aos 26 anos, Lázaro Ramos é o ator baiano mais prestigiado da atualidade. No cinema, atuou em 11 filmes e recebeu 10 prêmios nacionais e internacionais pela atuação. Na televisão, Lázaro faz sucesso na principal emissora do país.
É um dos protagonistas do seriado Sexo Frágil - que este ano vai à terceira temporada. Além disso, ele planeja a volta ao Teatro, numa peça que está escrevendo, inspirado nas férias da própria infância.
Nesta entrevista, Lázaro Ramos incentiva os estudantes afro-brasileiros a acreditar em si mesmos, valorizar a auto-estima e a descobrir o papel transformador que devem ter no mundo. À escola de hoje, ele dá sugestões de como estimular a igualdade entre alunos de diferentes cores e origens. Mas houve espaço para lembranças de menino também: “Na gincana do colégio, tinha aquelas provas engraçadas de conseguir, sei lá, 100 gordos de 20 anos, por exemplo”, sorri.
Revista Afro Bahia:
1. Como foram seus primeiros anos de escola? Que influência tiveram em sua carreira?
Estudei em duas escolas particulares de bairro, uma na Federação e outra no Garcia. Depois fui para o Colégio Estadual Anísio Teixeira, na Caixa D’água, onde entrei em contato com o Teatro. Foi uma experiência maravilhosa de enriquecimento cultural. Tive as primeiras noções sobre a situação do País e suas necessidades. Tive contato com textos e com o sentimento das pessoas. Eu tinha 14 ou 15 anos, e aquele período foi muito importante para minha formação. Lembro da gincana, uma programação que proporcionava muitas atividades tanto de solidariedade – arrecadação de roupas e alimentos - até aquelas mais engraçadas como conseguir 100 gordos com idade de 20 anos, por exemplo (risos). Eram momentos de integração dos alunos com a própria escola.
Revista Afro Bahia:
2. Qual o professor que mais lhe influenciou?
Eu tive a sorte de ter bons professores. Dois deles eu lembro bem. O professor de Teatro, Albérico Alves, que era também o vice-diretor do Colégio Anísio Teixeira, me ofereceu lições de educação muito preciosas e sempre ensinava sobre as nossas obrigações como cidadão. E a professora Idalina Alves, no curso técnico de patologia, em São Francisco do Conde, que dava aulas de Técnica de Patologia, tinha um brilho nos olhos, que não tem preço. É muito difícil se estimular numa escola pública, mas quando os professores têm vontade de ensinar, de preparar os alunos pra vida, isso faz toda a diferença!
Revisra Afro Bahia:
3. O que você mudaria na escola que freqüentou na infância ou na adolescência?
Tanta coisa... Principalmente, mudaria o relacionamento entre os professores e os alunos. Daria mais estímulo aos professores para que tivessem mais brilho nos olhos. Mais salários, mais capacitação, mais programas de formação. Também acho necessárias maior quantidade e variedade de matérias opcionais. Acho que matérias opcionais têm maior poder de trazer os alunos para o convívio da escola. Vivi numa época em que a escola fazia parte da comunidade.
Revista Afro Bahia:
4. Você freqüentou o curso técnico, numa rotina diária que começava às 4h30, incluía ensaios do grupo de teatro Olodum, às 17h, e terminava meia-noite. Qual a importância da formação técnica para o ingresso no mercado de trabalho?
O curso técnico foi muito importante pra mim, porque me deu a oportunidade de um trabalho imediato, para me sustentar e sustentar minha casa. Enquanto isso, eu também tive tempo para estudar outras coisas e investir na profissão que eu queria. Eu tenho consciência de que ainda preciso cursar uma faculdade, porque é de fundamental importância para qualquer profissão. Mas, naquele momento, o curso técnico foi necessário para suprir uma necessidade emergencial, digamos assim.
Revista Afro Bahia
5. O que é semelhante na dedicação de um bom artista e de um bom estudante?
Pra vida toda de todo mundo é muito importante saber escolher bem. A vida de estudante ou em qualquer outra área depende de escolhas bem feitas. É preciso estudar constantemente, não dá para perder tempo. O conhecimento é a única coisa que ninguém pode tirar de você. Tanto para o bom aluno, como para o bom artista também é muito importante acreditar em si mesmo o tempo todo. È preciso que a gente entenda o mundo e entenda que a gente faz parte da mudança que acontece no mundo. A gente não pode ser levado pela maré. O mar também é resultado do movimento que os peixes fazem.
Revista Afro Bahia
6. Numa entrevista recente à Istoé, você afirmou “Tem um animal dentro de mim que às vezes salta quando me sinto diminuído, discriminado”. Como você aconselha um jovem negro a lidar com o preconceito na escola ou na vida profissional?
A auto-estima é fundamental. Pode empinar o nariz, porque faz parte. Em qualquer área da vida, tem que se gostar, acreditar em si mesmo. A gente não pode se deixar diminuir; precisa saber e exigir mesmo os direitos. As nossas qualidades profissionais, éticas e de caráter ninguém pode tirar da gente.
Revista Afro Bahia
7. No seu novo filme “Meu tio matou um cara”, o Duca (personagem vivido por Darlan Cunha) comenta ser o único aluno que ninguém pode chamar de “idiota” dentro da classe, porque a professora sempre o defende por ser negro. Como a escola pode se preparar para lidar com questões de racismo?
Eu acho que a escola deve tratar com igualdade todos os estudantes, defendendo a valorização do caráter e das qualidades de cada um, independente da cor. Acho que uma boa estratégia para o professor incentivar a igualdade é utilizar trabalhos em grupo, mesclando meninos de todas as cores e origens, integrando os alunos em atividades de parceria. O professor também pode estimular o aluno a se sentir bacana, elogiar, pegar na orelha mesmo e dizer que vale a pena se esforçar para fazer o melhor na escola.
A comunidade de afro-brasileiros tem uma defasagem, a nossa base de educação é fraca. É preciso que o ensino de base seja fortalecido, senão, no momento em que você concede cotas, você está dando e tirando ao mesmo tempo, porque coloca na universidade uma pessoa que não tem preparo para acompanhar. Acho que o sistema de cotas é necessário, porque há anos o percentual de afro-brasileiros na universidade é muito pouco.
Olha, outra coisa que eu noto é que faltam nos currículos a história e a cultura da população negra. Na época em que eu estudava, esse assunto era dado numa parte muito pequena dos capítulos. Podia-se falar mais dos heróis negros, mais da história de Zumbi. Estudar esses temas seria muito importante num ambiente tão rico como o universo escolar.
em foco
A temporada fashion 2008 continua dando o que falar: enquanto empresários e modelos reivindicam a falta de negros nas passarelas paulistas, a estreante AcomB era aplaudida no evento carioca. A grife formada pela ONG Ação Comunitária do Brasil, do Rio de Janeiro, que tem mais de quarenta anos, apresentou uma coleção alegre, que misturava o trabalho das artesãs da comunidade de Cidade Alta (zona norte carioca) com tendências de moda, orquestradas pelo estilista Beto Neves, da marca Complexo B. A grife foi a que mais usou modelos negras na passarela do Fashion Rio -- com belos turbantes esbanjando beleza em total clima de igualdade social. Foram distribuídas bolsinhas de tecido preto, que dentro continha uma embalagem de creme alisante de cabelos e outra de tintura loura. Já na São Paulo Fashion Week, a falta de negros nas passarelas causou polêmica. Até a BBC de Londres se manifestou para falar sobre o assunto. Ao ser entrevistado, Helder Dias, proprietário da agência HDA Models, disparou: “É lamentável!” Enquanto isso, entre um desfile e outro, fashionistas e celebridades caminhavam pelos corredores da Bienal, indignados. “Que Brasil é esse? Negro também não consome?”
Helder e os modelos da HDA antes da entrevista para a BBC
DESTAQUE
E POR FALAR EM MODA, A DEUSA DE ÉBANO AÍ AO LADO É A NEW FACE SUZANA SOUZA, BAIANA DE CONCEIÇÃO DO ALMEIDA, 16 ANOS. ELA JÁ DÁ OS PRIMEIROS PASSOS DE SUCESSO NA CARREIRA: DESCOBERTA POR UM CAÇA-TALENTOS APÓS SER FINALISTA EM UM CONCURSO DE BELEZA, SUZANA, DONA DE TRAÇOS FORTES E MARCANTES, ESTÁ SENDO ESPERADA COM EXPECTATIVA EM SÃO PAULO. “ELA É UMA GRANDE PROMESSA. RETRATA A BELEZA E A DIVERSIDADE DA MULHER BRASILEIRA. ESSE ROSTO PROMETE!”, EMPOLGA-SE HELDER DIAS.
Will Smith no Brasil
O ator Will Smith esteve na Cidade Maravilhosa para lançar seu novo filme Eu Sou a Lenda. No longa do diretor Francis Lawrence, ele se torna o último homem sobrevivente na Terra após um ataque de vírus no planeta. A brasileira Alice Braga, sobrinha de Sônia Braga, também participa da produção e vive a também sobrevivente Anna. Simpático e solícito, no hotel, Smith deu autógrafos e fotografou com os fãs o tempo todo -- foram mais de dez minutos de cliques e ele, bem-humorado, fazia caras e bocas .
Will Smith no Brasil
O ator Will Smith esteve na Cidade Maravilhosa para lançar seu novo filme Eu Sou a Lenda. No longa do diretor Francis Lawrence, ele se torna o último homem sobrevivente na Terra após um ataque de vírus no planeta. A brasileira Alice Braga, sobrinha de Sônia Braga, também participa da produção e vive a também sobrevivente Anna. Simpático e solícito, no hotel, Smith deu autógrafos e fotografou com os fãs o tempo todo -- foram mais de dez minutos de cliques e ele, bem-humorado, fazia caras e bocas .
"Estou muito feliz por estar no Brasil"
Após os compromissos de trabalho, o ator se esbaldou e caiu na noitada carioca mostrando que tem talento para o samba. Ele arrasou nas pistas de dança de uma casa noturna ao lado do expert Carlinhos de Jesus. O astro entrou no ritmo brasileiro.
Aída: musical pop-rock
Após a longa temporada de sucesso na Broadway, em Nova York, de 2000 até 2004, e a conquista de cinco prêmios Tony, chega a São Paulo, Aída. Trata-se de um musical pop-rock com música de Elton John e letras de Tim Rice. Baseado na ópera de Giuseppe Verdi, o espetáculo conta a história da paixão de Radamés pela princesa negra egípcia Aída (interpretada por Andrea Marquee). No enredo, poder, domínio e racismo, além de abordar também a reencarnação, comum entre os egípcios de 4 mil anos atrás.
Teatro Cultura Artística. Rua Nestor Pestana, 196, São Paulo (As quartas, sextas e aos sábados, às 21 horas. Domingos, 18 horas.)
Preconceito e diferenças sociais
A peça “Martin – teve um sonho” traz a vida do grande mártir e símbolo de luta pela justiça e igualdade Martin Luther King como inspiração para esta montagem infantil, que fala de preconceito e diferença social. O ator Apollo Faria faz uma interpretação solo, representando Martin Luther King quando criança, expondo como seria o ponto de vista de uma criança sobre um mundo repleto de preconceitos e injustiças. Vale a pena conferir!
Após a longa temporada de sucesso na Broadway, em Nova York, de 2000 até 2004, e a conquista de cinco prêmios Tony, chega a São Paulo, Aída. Trata-se de um musical pop-rock com música de Elton John e letras de Tim Rice. Baseado na ópera de Giuseppe Verdi, o espetáculo conta a história da paixão de Radamés pela princesa negra egípcia Aída (interpretada por Andrea Marquee). No enredo, poder, domínio e racismo, além de abordar também a reencarnação, comum entre os egípcios de 4 mil anos atrás.
Teatro Cultura Artística. Rua Nestor Pestana, 196, São Paulo (As quartas, sextas e aos sábados, às 21 horas. Domingos, 18 horas.)
Preconceito e diferenças sociais
A peça “Martin – teve um sonho” traz a vida do grande mártir e símbolo de luta pela justiça e igualdade Martin Luther King como inspiração para esta montagem infantil, que fala de preconceito e diferença social. O ator Apollo Faria faz uma interpretação solo, representando Martin Luther King quando criança, expondo como seria o ponto de vista de uma criança sobre um mundo repleto de preconceitos e injustiças. Vale a pena conferir!
Local: Espaço Cultural Tendal da Lapa Rua Guaicurus, 1 100, São Paulo. Informações: (11) 3862.1837
Formandos da Unipalmares
A Turma de Administração da Universidade Zumbi dos Palmares já está em ritmo de festa. E sabe por quê? Eles venceram e no dia 15 de março estarão “valsando” no baile de formatura. Esta é a primeira conclusão acontecida na Fundação. Motivo de orgulho, pois a Unipalmares é a única entidade com o propósito de incrementar o acesso de alunos negros à universidade em toda a América Latina. A colação de grau é em 13 de março no Ginásio do Ibirapuera, em São Paulo.
Formandos da Unipalmares
A Turma de Administração da Universidade Zumbi dos Palmares já está em ritmo de festa. E sabe por quê? Eles venceram e no dia 15 de março estarão “valsando” no baile de formatura. Esta é a primeira conclusão acontecida na Fundação. Motivo de orgulho, pois a Unipalmares é a única entidade com o propósito de incrementar o acesso de alunos negros à universidade em toda a América Latina. A colação de grau é em 13 de março no Ginásio do Ibirapuera, em São Paulo.
CONCURSO
ESTÁTUA DE ZUMBI
ESTÁTUA DE ZUMBI
Artistas plásticos de todo o Brasil, atenção: vamos pôr a mão na massa e fazer renascer com estilo, energia, respeito e bastante criatividade a figura do nosso eterno líder. Este é o desafio feito pela Fundação Zumbi dos Palmares. O concurso é nacional, com premiação para os três primeiros colocados. A estátua vencedora será colocada na Praça da Sé, em Salvador (BA), num espaço onde estão edificações tombadas pelo governo federal. Para participar: ser maior de 18 anos, com projetos inéditos de autoria própria e propriedade, individualmente ou em equipe. Prêmios R$ 45 mil, R$ 10 mil e R$ 5 mil. Inscrições: deverão ser enviadas, obrigatoriamente, via Sedex, para a sede da Fundação Cultural Palmares.
Informações: www.palmares.gov.br
Informações: www.palmares.gov.br
Homenagem ao MESTRE BESOURO
Besouro Cordão-de-Ouro é a capoeira contada ao vivo por artistas tarimbados nos movimentos. No meio da roda tem de tudo. O palco vira uma grande roda de capoeira, berimbaus, atabaques, pandeiros e caxixi. O cenário é criação de Ney Madeira (indicado para o Prêmio Shell). O musical, muito elogiado pela crítica e pelo público, estreou no Rio de Janeiro e já viajou para grandes capitais, como Curitiba, no Festival de Teatro de Curitiba, Fortaleza, Brasília e Belo Horizonte. É a representação lúdica da trajetória, filosofia, prática e música de Mestre Besouro, um baiano de Santo Amaro da Purificação.
Local: Sesc Pompéia. Rua Clélia, 3 871 - São Paulo (SP).
Besouro Cordão-de-Ouro é a capoeira contada ao vivo por artistas tarimbados nos movimentos. No meio da roda tem de tudo. O palco vira uma grande roda de capoeira, berimbaus, atabaques, pandeiros e caxixi. O cenário é criação de Ney Madeira (indicado para o Prêmio Shell). O musical, muito elogiado pela crítica e pelo público, estreou no Rio de Janeiro e já viajou para grandes capitais, como Curitiba, no Festival de Teatro de Curitiba, Fortaleza, Brasília e Belo Horizonte. É a representação lúdica da trajetória, filosofia, prática e música de Mestre Besouro, um baiano de Santo Amaro da Purificação.
Local: Sesc Pompéia. Rua Clélia, 3 871 - São Paulo (SP).
LANÇAMENTO
A VOZ QUE PROMETE!
Mesmo tendo trabalhado e construído carreira de sucesso em Marketing, Angel não resistiu à paixão pela música. Conhecida por ter participado de diversos trabalhos como backing vocal, ela sempre se destacou pela alta qualidade e potência vocal. Neste processo conheceu diversas personalidades do meio musical, e cantou com muitos deles. Bastou estrear carreira solo, em 2003, para fãs e admiradores a batizaram de Angel Keys – pela semelhança do timbre e as interpretações impecáveis parecidas com as da superstar Alicia Keys. Hoje ela realiza um dos seus grandes sonhos que é cantar as melhores músicas da Black, R&B e Soul Music, além de ser um grande referencial para o seu público, em qualidade e bom gosto, encantando e cantando por onde passa com a sua voz única, inconfundível e autêntica. Ela promete.
A VOZ QUE PROMETE!
Mesmo tendo trabalhado e construído carreira de sucesso em Marketing, Angel não resistiu à paixão pela música. Conhecida por ter participado de diversos trabalhos como backing vocal, ela sempre se destacou pela alta qualidade e potência vocal. Neste processo conheceu diversas personalidades do meio musical, e cantou com muitos deles. Bastou estrear carreira solo, em 2003, para fãs e admiradores a batizaram de Angel Keys – pela semelhança do timbre e as interpretações impecáveis parecidas com as da superstar Alicia Keys. Hoje ela realiza um dos seus grandes sonhos que é cantar as melhores músicas da Black, R&B e Soul Music, além de ser um grande referencial para o seu público, em qualidade e bom gosto, encantando e cantando por onde passa com a sua voz única, inconfundível e autêntica. Ela promete.
sexta-feira
Mulher independente assusta o homem?
Elas garantem que sim, eles juram que não. Confira o que dizem os entrevistados desta edição
“Creio que não. Muito pelo contrário, mulher independente é motivo de orgulho para qualquer homem. E quando existe amor e compreensão na relação, pode ser muito útil dentro e fora de casa.”
SANDRO GOMES, músico
“Assusta pelo fato de o homem ter uma educação machista: achar que as mulheres sempre dependerão deles. Mas os tempos mudaram e não somos apenas ‘rainhas do lar’. Estamos conquistando o planeta.”
MARIA ESTELA, secretária
“Antigamente nós éramos criadas para ficar em casa fazendo serviços do lar. Hoje, fazemos de tudo um pouco e muitas vezes não dependemos dos homens, deixandoos assustados com esta nova realidade da mulher.”
ROBERTA KELLY Promotora de eventos
“E como assusta. Os homens, por mais que tentem disfarçar, são extremamente machistas e jamais aceitam ‘perder’ para o sexo oposto. Nós podemos tudo. Mulher independente é sinônimo de poder. E homem não gosta disso...”
ANA MARIA, empresária
“Não assusta, apenas inibe o cara. Para quem é gigolô uma mulher independente é perfeita, mas prefiro seguir a educação que os meus pais me deram de estudar, correr atrás, construir família e poder dar tudo do bom e do melhor para todos.”
LUIS HENRIQUE, bancário
“Assusta sim. As mulheres estão conquistando novos espaços no mercado de trabalho e na sociedade, ficando consequentemente independentes. Por conta disso, muitas vezes temos que nos adaptar a esse processo.”
NÊUBER OLIVEIRA Estudante universitário
O QUE ELAS ACHAM...
100% UNÂNIME. AS LEITORAS ENTREVISTADAS FORAM TAXATIVAS E GARANTIRAM QUE MULHER INDEPENDENTE INIBE O HOMEM: “ELES SE SENTEM INSEGUROS E INFERIORES”, ALFINETARAM.
ELES SE DEFENDEM
78% DOS LEITORES ACREDITAM QUE NÃO. UM DELES EXPLICA. “NÃO É INSEGURANÇA E SIM CAVALHEIRISMO. SOMOS EDUCADOS PARA ‘SUSTENTAR’ A FAMÍLIA...”
“Creio que não. Muito pelo contrário, mulher independente é motivo de orgulho para qualquer homem. E quando existe amor e compreensão na relação, pode ser muito útil dentro e fora de casa.”
SANDRO GOMES, músico
“Assusta pelo fato de o homem ter uma educação machista: achar que as mulheres sempre dependerão deles. Mas os tempos mudaram e não somos apenas ‘rainhas do lar’. Estamos conquistando o planeta.”
MARIA ESTELA, secretária
“Antigamente nós éramos criadas para ficar em casa fazendo serviços do lar. Hoje, fazemos de tudo um pouco e muitas vezes não dependemos dos homens, deixandoos assustados com esta nova realidade da mulher.”
ROBERTA KELLY Promotora de eventos
“E como assusta. Os homens, por mais que tentem disfarçar, são extremamente machistas e jamais aceitam ‘perder’ para o sexo oposto. Nós podemos tudo. Mulher independente é sinônimo de poder. E homem não gosta disso...”
ANA MARIA, empresária
“Não assusta, apenas inibe o cara. Para quem é gigolô uma mulher independente é perfeita, mas prefiro seguir a educação que os meus pais me deram de estudar, correr atrás, construir família e poder dar tudo do bom e do melhor para todos.”
LUIS HENRIQUE, bancário
“Assusta sim. As mulheres estão conquistando novos espaços no mercado de trabalho e na sociedade, ficando consequentemente independentes. Por conta disso, muitas vezes temos que nos adaptar a esse processo.”
NÊUBER OLIVEIRA Estudante universitário
O QUE ELAS ACHAM...
100% UNÂNIME. AS LEITORAS ENTREVISTADAS FORAM TAXATIVAS E GARANTIRAM QUE MULHER INDEPENDENTE INIBE O HOMEM: “ELES SE SENTEM INSEGUROS E INFERIORES”, ALFINETARAM.
ELES SE DEFENDEM
78% DOS LEITORES ACREDITAM QUE NÃO. UM DELES EXPLICA. “NÃO É INSEGURANÇA E SIM CAVALHEIRISMO. SOMOS EDUCADOS PARA ‘SUSTENTAR’ A FAMÍLIA...”
terça-feira
SEXO frágil? Que nada! Elas são fortes guerreiras
ESPECIAL
POR ADENILTON CERQUEIRA FOTOS MARCELLO GARCIA
Três gerações! A prova viva de que beleza não tem idade. Otimistas e de bem com a vida, as nossas garotas representam três gerações de sonhos, conquistas e poder das mulheres da nossa raça.
“Só mesmo a revista AFRO BAHIA para realizar o meu sonho de ser modelo. E aos 81 anos. É mole?”, sorri a sempre bem-humorada Mercedes Monteiro Vieira, minutos antes de fotografar, de olho no corpo magro e esguio de Stella Lopes, 19 anos. “A cabeça dela é carequinha como a minha”, sorri a top model abraçando a animada senhorinha, que devolve. “Eu também estou na moda.” Enquanto isso, dona Judith Salvador, a mais idosa, 90 anos, observa Taís Pires, a mais novinha, de 5 anos, brincar de frente para o espelho. “Aprendi a gostar da minha cor.” É o reflexo de 3 gerações. Mulheres guerreiras, sonhadoras e símbolos de uma geração que registra o passado, o presente e o futuro da nossa história. “A mulher negra está a cada dia buscando o próprio espaço, e mais do que nunca a igualdade”, comenta Fabíola Reis, de 17 anos. Apesar da pouca idade Luara Galvão, 6 anos, concorda. Ela conta que adora se olhar no espelho, ama o cabelo cacheado e já está aprendendo a ler e a escrever para ser uma grande profissional no futuro. Enquanto isso, arrisca alguns passos nas passarelas, inspirada na top model Naomi Campbell.
POR ADENILTON CERQUEIRA FOTOS MARCELLO GARCIA
Três gerações! A prova viva de que beleza não tem idade. Otimistas e de bem com a vida, as nossas garotas representam três gerações de sonhos, conquistas e poder das mulheres da nossa raça.
“Só mesmo a revista AFRO BAHIA para realizar o meu sonho de ser modelo. E aos 81 anos. É mole?”, sorri a sempre bem-humorada Mercedes Monteiro Vieira, minutos antes de fotografar, de olho no corpo magro e esguio de Stella Lopes, 19 anos. “A cabeça dela é carequinha como a minha”, sorri a top model abraçando a animada senhorinha, que devolve. “Eu também estou na moda.” Enquanto isso, dona Judith Salvador, a mais idosa, 90 anos, observa Taís Pires, a mais novinha, de 5 anos, brincar de frente para o espelho. “Aprendi a gostar da minha cor.” É o reflexo de 3 gerações. Mulheres guerreiras, sonhadoras e símbolos de uma geração que registra o passado, o presente e o futuro da nossa história. “A mulher negra está a cada dia buscando o próprio espaço, e mais do que nunca a igualdade”, comenta Fabíola Reis, de 17 anos. Apesar da pouca idade Luara Galvão, 6 anos, concorda. Ela conta que adora se olhar no espelho, ama o cabelo cacheado e já está aprendendo a ler e a escrever para ser uma grande profissional no futuro. Enquanto isso, arrisca alguns passos nas passarelas, inspirada na top model Naomi Campbell.
Experiência
Elas são o máximo! Mercedes vive assim: sempre sorrindo para a vida. Acorda cedo, faz caminhada, se alimenta e corre para frente da TV. “Estou casada com as novelas!”, brinca a engraçada paulista que não resiste a uma roda de samba. “Se deixar fico sambando até o dia amanhecer.” Judith se orgulha dos 90 anos. “É a melhor fase da minha vida”, revela a simpática senhorinha que vive sendo paparicada pelos familiares. “Tenho o privilégio de estar presente na quinta geração da minha família.” Já Iracema faz sucesso com o cabelo branco e o sorriso encantador. “Meu sonho mesmo é entrar no BBB para mostrar as maravilhas da melhor idade.”
Elas são o máximo! Mercedes vive assim: sempre sorrindo para a vida. Acorda cedo, faz caminhada, se alimenta e corre para frente da TV. “Estou casada com as novelas!”, brinca a engraçada paulista que não resiste a uma roda de samba. “Se deixar fico sambando até o dia amanhecer.” Judith se orgulha dos 90 anos. “É a melhor fase da minha vida”, revela a simpática senhorinha que vive sendo paparicada pelos familiares. “Tenho o privilégio de estar presente na quinta geração da minha família.” Já Iracema faz sucesso com o cabelo branco e o sorriso encantador. “Meu sonho mesmo é entrar no BBB para mostrar as maravilhas da melhor idade.”
"Minha mãe ensinou a andar sempre de cabeça erguida e nunca me sentir ‘diferente’ pela cor da minha pele. O caráter sim é fundamental.”STELLA LOPES
EDUCAÇÃO, RESPEITO, DIGNIDADE“A minha mãe me ensinou a ser educada e respeitar os mais velhos.” Pelo visto a garota aprendeu os ensinamentos da mãe. “Eu levantei da cadeira para aquela vó sentar.” Dona Iracema da Silva Carvalho, 85 anos, sorri e agradece a gentileza de Luara. “Estou cheia de saúde. Já falei com Deus para ele me deixar pra semente”, brinca a senhorinha vaidosa que vive colecionando títulos em concursos de beleza, por isso, adora se exercitar para estar sempre em forma e de bem com a vida. “Jogo bola, faço caminhadas e gosto de dançar.” A modelo Grazielli Nery, 22 anos, atenta-se aos segredos para uma vida longa da Miss de cabelos brancos e sorriso iluminado. “Espero chegar a esta idade bonita e com tanta disposição como ela. Tanto na infância quanto hoje sempre me aceitei do jeito que eu sou. Nasci negra e me orgulho muito disso. Adoro ser chocolate!” A pequena Alexia Ndidi Gomes Obi também tem orgulho da cor. Ela conta com entusiasmo que esteve recentemente na África e conheceu pessoas, coisas e lugares incríveis. “Conheci parte das minhas origens. Voltei orgulhosa da minha cor e do meu cabelo enroladinho.” E lá estão as estrelas desta edição brilhantes, prontas para mostrar que de sexo frágil elas não têm nada!
EDUCAÇÃO, RESPEITO, DIGNIDADE“A minha mãe me ensinou a ser educada e respeitar os mais velhos.” Pelo visto a garota aprendeu os ensinamentos da mãe. “Eu levantei da cadeira para aquela vó sentar.” Dona Iracema da Silva Carvalho, 85 anos, sorri e agradece a gentileza de Luara. “Estou cheia de saúde. Já falei com Deus para ele me deixar pra semente”, brinca a senhorinha vaidosa que vive colecionando títulos em concursos de beleza, por isso, adora se exercitar para estar sempre em forma e de bem com a vida. “Jogo bola, faço caminhadas e gosto de dançar.” A modelo Grazielli Nery, 22 anos, atenta-se aos segredos para uma vida longa da Miss de cabelos brancos e sorriso iluminado. “Espero chegar a esta idade bonita e com tanta disposição como ela. Tanto na infância quanto hoje sempre me aceitei do jeito que eu sou. Nasci negra e me orgulho muito disso. Adoro ser chocolate!” A pequena Alexia Ndidi Gomes Obi também tem orgulho da cor. Ela conta com entusiasmo que esteve recentemente na África e conheceu pessoas, coisas e lugares incríveis. “Conheci parte das minhas origens. Voltei orgulhosa da minha cor e do meu cabelo enroladinho.” E lá estão as estrelas desta edição brilhantes, prontas para mostrar que de sexo frágil elas não têm nada!
Inocência Meninas de ouro: Luara já aprendeu a ler e escrever e se orgulha do cabelo cacheado. “Todo mundo fala que sou bonita! Agora então, depois de posar para AFRO BAHIA... Vou fazer sucesso”. A graciosa Taís também vai à escola. Nas horas vagas gosta de assistir desenhos animados. A mãe da garotinha teve que estudar psicologia para entender melhor a inteligência da filha. Alexia, 6 anos, acaba de conhecer a África do Sul, terra do pai, e a Nigéria. “A raça negra é muito linda”, frisa. Ela faz questão de revelar que voltou para o Brasil mais feliz e orgulhosa por ser negra. “É o máximo!”
A questão do negro no Brasil
Por Priscilla Brito
1. Trezentos anos de escravidão africana no Brasil representada pelo cruel regime social de sujeição do negro e utilização de sua força, explorada para fins econômicos, como propriedade privada do homem branco, criaram problemas bem mais graves e profundos do que geralmente se imagina.
2. Se impactou a comunidade negra, impondo-lhe índices de desenvolvimento humano mais baixos do país, afetou também o etos da população branca,- “Aquilo que é característico e predominante nas atitudes e sentimentos dos indivíduos de um povo, grupo ou comunidade, e que marca suas realizações ou manifestações culturais”- Aurélio, com sutis sentimentos contra os afro-descedentes. A discriminação ao negro no Brasil se dá com o encobrimento com subterfúgios como se percebe nas análises de dados socioeconômicos.
3. De fato, embora esteja provada e comprovada a enorme desigualdade pelos índices socioeconômicos oficiais entre brancos e negros, ela continua ser olimpicamente ignorada pela cultura “branca”. Por significativo exemplo, quando se trata da “dívida social” ela é generalizada para todos os segmentos da população do país, esquecendo-se de seu principal credor, a população negra. Pior, qualquer movimento que vise liquidar esse injusto contraste social é logo tachado de discriminar os brancos... A história nos revela claramente qual é o segmento dos injustiçados e dos desprezados do nosso país, com quem, afinal, toda a população contraiu a sua “dívida social”.
4. A corrente negra iniciada em 1559, incrementada a partir do fim do século XVII, só se deteria quase 300 anos depois, em 1850, quando foi cortada pela pressão inglesa Escravatura lícita, sem demônios, era de origem africana, ao contrário do caso do índio, em favor do qual havia uma série de escrúpulos por parte de padres e das autoridades coloniais, o que permitiu um intenso tráfico negreiro inteiramente livre para o Brasil, transformando a escravatura um grande negócio no país.
5. Ainda no século XVI foi implantada a exploração de cana-de-açúcar, que obtivera grande sucesso nas colônias ultramarinas de Portugal no norte da África O escravo índio, embora mais barato, cede lugar à mão-de-obra negra, que invade os engenhos e lavoura de alto rendimento. Antonil- João Antonio Andreoni- assinalou que os escravos negros tornaram-se “os pés e as mãos” do senhor do engenho. Problema em aberto é da estimativa de quantos negros entraram na vigência desse tráfico, mas a maioria dos historiadores a terem somado cerca de 4 milhões de seres humanos.
6. O ciclo do açúcar começa nessa época e dura cerca de 150 anos, vindo a declinar a partir do século XVIII. Apenas cinqüenta e nove anos da descoberta, o desenvolvimento do ciclo da cana já exigia a importação do escravo negro, por que se ajustava à agricultura e ao regime de trabalho sem os intransponíveis obstáculos do escravo índio, cuja cultura se contrapunha ao esforço contínuo exigido na produção do açúcar.
7. Ao ciclo do açúcar, seguiu-se o ciclo do ouro, o oficialmente datado entre 1660 e 1789, mas que se iniciou efetivamente com a corrida do ouro no inicio dos anos 1700, com a vinda às Minas Gerais de levas de renóis, nativos da Bahia, Rio de Janeiro. A vida urbana mais intensa viabilizou também, melhores oportunidades no mercado interno e uma sociedade mais flexível, principalmente se contrastada com o imobilismo da sociedade açucareira.
”Portanto, a camada socialmente dominante era mais heterogênea, representada pelos grandes proprietários de escravos, grandes comerciantes e burocratas. A novidade foi o surgimento de um grupo intermediário, uma classe média incipiente, formado por pequenos comerciantes, intelectuais, artesãos e artistas que viviam nas cidades.
O segmento abaixo era formado por homens livres pobres (brancos, mestiços e negros libertos), que eram faiscadores, aventureiros e biscateiros, enquanto que a base social permanecia formada por escravos que em meados do século XVIII, representavam 70% da população mineira...”
8. “Para o cotidiano de trabalho dos escravos, a mineração foi um retrocesso, pois apesar de alguns terem conseguido a liberdade, a grande maioria passou a viver em condições bem piores do que no período anterior, escavando em verdadeiros buracos onde até a respiração era dificultada. Trabalhavam também na água ou atolados no barro no interior das minas. Essas condições desumanas resultam na organização de novos quilombos, como do rio das Mortes, em Minas Gerais, e o de Carlota, no Mato Grosso”.
9. A exploração do ouro demandava a mão-de-obra africana, não só para a exploração direta dos veio auríferos para o branco, como pela contribuição de algumas técnicas de extração aplicadas nas minas em África, fato esquecido pelos nossos historiadores.
10. Dizem as histórias que o escravo Galanga foi rei do Congo e chegou ao Brasil batizado de Francisco (Chico). Acumulou dinheiro, minerando por conta própria e comprou sua alforria e a de seu filho. Depois de livre, comprou a mina da Encardideira — uma área de 80 m2 que ainda pode ser visitada — e, com o ouro, libertou outros escravos. Mas situação como essa, favorável ao escravo era exceção
11. A distribuição de escravos se fazia com a venda a prazo, como se fosse cabeça de gado, mediante a garantia da safra ou hipoteca da propriedade. Uma vasta rede de interesses, com raízes na Metrópole lusitana, e se expandia pelo comércio marítimo e interior, transformou a compra e venda do negro em grande negócio, só superado pelo açúcar e ouro nos séculos 17 e 18.
12. Transformado em “coisa”, o escravo negro foi levado à revolta, ou à imitação do branco o seu opressor. Na tentativa de fugir à sua condição de negro, passou a se autodenominar de “pardo”. Esse fenômeno social do oprimido tentar se identificar com o opressor, se observa em todos os povos subjugados cruelmente por um suposto ser “superior”.
13. Pardo, segundo Aurélio, [Do lat. (leo) pardus (por se considerar que pardus era um adj. referente às manchas de cor escura que distinguiriam o leopardo do leão), de um branco sujo duvidoso, cor entre o branco e o negro. Ora, nunca existiu tal etnia, mesmo porque está comprovado por estudos genéticos que a grande maioria do branco brasileiro, ao contrário do que muitos imaginam, tem fortes afinidades com o índio, não com o negro.
14. Não obstante o surgimento de uma corrente de abolicionistas da escravidão até 1866, no campo das medidas oficiais nada se empreendeu para alcançar a emancipação do negro, isto é, o gozo dos direitos civis. A abolição da escravatura declarada em 13 de maio de 1888, após 300 anos de escravatura não trouxe a emancipação do negro.
15. Continuou excluído da sociedade brasileira. A abolição da escravatura não foi seguida o parcelamento da propriedade com entrega de terras aos escravos, nem se providenciaram escolas de artífices e de educação. Substituiu-se, apenas, o escravo pelo mal assalariado, dentro do mesmo sistema cultural escravagista. “Deixaram-no estiolar nas senzalas, de onde ausentara o interesse pela sua antiga mercadoria, pelo gado humano de outrora. Executada assim, a abolição era um agonia atroz. Dar liberdade ao negro, desinteressando-se, como se desinteressando absolutamente de sua sorte, não vinha a ser mais que alforriar os senhores”, como bem disse Rui Barbosa.
16. Se o fenômeno de tentativa de “ embraquecimento” - a imitação do dominante branco- do negro é bem conhecido, há de se considerar o outro lado da moeda, a atitude superior do branco, a desqualificar instintivamente o negro, gerando graves conseqüências, impedindo a inclusão do negro na sociedade brasileira.
17. Assim, embora as estatísticas demográficas do IBGE mostrem que os “negros e pardos” compõem pelo menos a metade da população do país, economistas, sociólogos, jornalistas, políticos, professores, enfim, a intelligentsia brasileira, ou seja, os intelectuais considerados como classe ou grupo, ou, em especial, como uma elite artística, social ou política branca não se preocuparam com a desigualdade brutal entre negros e brancos no Brasil.
18. Paradoxalmente, já foram gastas toneladas de papel e tinta em torno da chamada “dívida social”, “desigualdade de renda”, Índices de Desenvolvimento Humano - IDH precarissimos- do Brasil, mas sem tocar na realidade dos negros, que se revela clamorosamente nestes dados.
19. A sociedade brasileira desconhece-os, com o obstinado acreditar na ideologia da “a incontestável superioridade do homem branco”, inclusive nos setores que se dizem “progressistas”, “de esquerda”, que se mostram sempre preocupadíssimos com desigualdade social do Brasil.
20. Significativo exemplo, entre milhares: - o conhecido professor de economia da Unicamp Márcio Pochmann, ao avaliar a desigualdade social do Brasil por meio dois indicadores relevantes:- o ensino médio e o superior, diz que 34% dos jovens entre 15 e 17 anos de idade estão matriculados. No Chile, 85% dos jovens nessa mesma faixa etária estão matriculados no ensino médio. E apresenta a sua solução:- Se o Brasil quiser apresentar o mesmo padrão em 2020, isto é, daqui a 15 anos, calculamos que cerca de 4,9 milhões de jovens, adicionais ao que já estão nas classes, vão precisar cursar o ensino médio. Isso significa o aparecimento de 149 mil turmas, o que exigiria 47 mil novas salas de aula e a contratação de 510 mil professores, etc. Tudo bem, não fosse o professor da Unicamp ter usado estatísticas relativas apenas ao segmento branco do país.
De fato, se tivesse usado dados referente à outra metade da população do país, o segmento negro, o seu diagnostico seria bem mais preciso e sua proposta de solução seria mais acurada: “com base no Censo, vários estudos como o "Mapa da cor no Ensino Superior brasileiro" do pesquisador Jose L. Petrucelli do IBGE, mostram desigualdades educacionais brutais. Com dados de 2000, ele mostrou que enquanto 22,7% dos brancos com 18 anos ou mais concluíram o Ensino Médio, somente cerca de 13% dos negros o fizeram. Só conhecendo a realidade poderemos saber se há desigualdade racial na educação e em que profundidade. E, mais importante, combatê-la e não ser conivente”.
21. Certamente, o prof. Pochmann não é racista, mas não se preocupou, por vício cultural, do básico, a desigualdade brutal do negro em face ao branco evidenciada nos indicadores da educação. Mesmo nos bolsões de pobreza e miséria urbana, os índices socioeconômicos do pobre e miserável branco são superiores aos negros-pardos. Não é uma questão de classe. Trabalhador branco de mesmo patamar socioeconômico do negro recebe salário bem mais elevado. Não sendo discriminado pela cor da pele, obtém mais facilmente lugar de trabalho.
22. Impõe-se, pois, que a realidade real do país seja revelada pelos índices socioeconômicos do segmento mais numeroso e mais excluído do país, o negro e pardo. É a partir daí é que devem ser analisados os índices socioeconômicos. Quaisquer outras políticas que não sejam dirigidas prioritariamente ao segmento negro, jamais alcançará a isonomia na sociedade brasileira. Só aumentará, claro, a desigualdade, o fosso entre brancos e negros-pardos.
23. A tão falada “dívida social”, sim, é devida unicamente aos negros. Foram eles que durante 300 anos construíram as bases econômicas do Brasil, em condições brutais de escravatura, a custo da completa exclusão da sociedade, impedidos de se educarem minimamente.
24. O negro é, pois, o único segmento populacional que ainda não foi pago pela construção do país chamado Brasil, agora, a 10. economia do planeta. Não fosse o trabalho do negro, continuaríamos ser a Terra dos Papagaios, a Pindorama, talvez, uma Bolívia maior, ou coisa parecida.
25. Neste cenário, as cotas de negros nas universidades, sobre as quais muito se fala nos dias de hoje é apenas um detalhe. Embora seja justa e necessária, irá ao encontro de uma minoria que conseguiu superar o gargalo no ensino fundamental e médio, podendo assim de candidatar à vagas nas universidades. Mas a massa da população negra continuará excluída.
26. Como bem diz o senador Cristóvão Buarque, a solução da dívida social é a educação. Sem educação, jamais será resolvida a questão social. Deste modo, impõe-se priorizar urgentemente a educação dos negros.
27. Prioritariamente por que importa a adoção imediata de um programa educacional para negros, fundamental e médio, resgatando afinal a dívida social que o país tem com os negros. Quanto mais rapidamente for implantado, mais rapidamente será encerrada a vergonhosa desigualdade socioeconômica existente no país. Enquanto a metade da população brasileira a negra e parda estiver alijada do processo de desenvolvimento jamais haverá no Brasil justiça social...e justo crescimento socioeconômico.
28. O pagamento efetivo da dívida social com o segmento negro-pardo do país, claro é um dever básico de justiça social. Não é privilegio algum. Importa reconhecer que, nós, brancos, estamos em débito com os milhões escravos africanos, cuja obra da construção do Brasil para o homem branco nunca foi paga, embora lhes tenha custado a precária e vergonhosa situação social em que vivem os seus descendentes em nossos dias. É isso.
2. Se impactou a comunidade negra, impondo-lhe índices de desenvolvimento humano mais baixos do país, afetou também o etos da população branca,- “Aquilo que é característico e predominante nas atitudes e sentimentos dos indivíduos de um povo, grupo ou comunidade, e que marca suas realizações ou manifestações culturais”- Aurélio, com sutis sentimentos contra os afro-descedentes. A discriminação ao negro no Brasil se dá com o encobrimento com subterfúgios como se percebe nas análises de dados socioeconômicos.
3. De fato, embora esteja provada e comprovada a enorme desigualdade pelos índices socioeconômicos oficiais entre brancos e negros, ela continua ser olimpicamente ignorada pela cultura “branca”. Por significativo exemplo, quando se trata da “dívida social” ela é generalizada para todos os segmentos da população do país, esquecendo-se de seu principal credor, a população negra. Pior, qualquer movimento que vise liquidar esse injusto contraste social é logo tachado de discriminar os brancos... A história nos revela claramente qual é o segmento dos injustiçados e dos desprezados do nosso país, com quem, afinal, toda a população contraiu a sua “dívida social”.
4. A corrente negra iniciada em 1559, incrementada a partir do fim do século XVII, só se deteria quase 300 anos depois, em 1850, quando foi cortada pela pressão inglesa Escravatura lícita, sem demônios, era de origem africana, ao contrário do caso do índio, em favor do qual havia uma série de escrúpulos por parte de padres e das autoridades coloniais, o que permitiu um intenso tráfico negreiro inteiramente livre para o Brasil, transformando a escravatura um grande negócio no país.
5. Ainda no século XVI foi implantada a exploração de cana-de-açúcar, que obtivera grande sucesso nas colônias ultramarinas de Portugal no norte da África O escravo índio, embora mais barato, cede lugar à mão-de-obra negra, que invade os engenhos e lavoura de alto rendimento. Antonil- João Antonio Andreoni- assinalou que os escravos negros tornaram-se “os pés e as mãos” do senhor do engenho. Problema em aberto é da estimativa de quantos negros entraram na vigência desse tráfico, mas a maioria dos historiadores a terem somado cerca de 4 milhões de seres humanos.
6. O ciclo do açúcar começa nessa época e dura cerca de 150 anos, vindo a declinar a partir do século XVIII. Apenas cinqüenta e nove anos da descoberta, o desenvolvimento do ciclo da cana já exigia a importação do escravo negro, por que se ajustava à agricultura e ao regime de trabalho sem os intransponíveis obstáculos do escravo índio, cuja cultura se contrapunha ao esforço contínuo exigido na produção do açúcar.
7. Ao ciclo do açúcar, seguiu-se o ciclo do ouro, o oficialmente datado entre 1660 e 1789, mas que se iniciou efetivamente com a corrida do ouro no inicio dos anos 1700, com a vinda às Minas Gerais de levas de renóis, nativos da Bahia, Rio de Janeiro. A vida urbana mais intensa viabilizou também, melhores oportunidades no mercado interno e uma sociedade mais flexível, principalmente se contrastada com o imobilismo da sociedade açucareira.
”Portanto, a camada socialmente dominante era mais heterogênea, representada pelos grandes proprietários de escravos, grandes comerciantes e burocratas. A novidade foi o surgimento de um grupo intermediário, uma classe média incipiente, formado por pequenos comerciantes, intelectuais, artesãos e artistas que viviam nas cidades.
O segmento abaixo era formado por homens livres pobres (brancos, mestiços e negros libertos), que eram faiscadores, aventureiros e biscateiros, enquanto que a base social permanecia formada por escravos que em meados do século XVIII, representavam 70% da população mineira...”
8. “Para o cotidiano de trabalho dos escravos, a mineração foi um retrocesso, pois apesar de alguns terem conseguido a liberdade, a grande maioria passou a viver em condições bem piores do que no período anterior, escavando em verdadeiros buracos onde até a respiração era dificultada. Trabalhavam também na água ou atolados no barro no interior das minas. Essas condições desumanas resultam na organização de novos quilombos, como do rio das Mortes, em Minas Gerais, e o de Carlota, no Mato Grosso”.
9. A exploração do ouro demandava a mão-de-obra africana, não só para a exploração direta dos veio auríferos para o branco, como pela contribuição de algumas técnicas de extração aplicadas nas minas em África, fato esquecido pelos nossos historiadores.
10. Dizem as histórias que o escravo Galanga foi rei do Congo e chegou ao Brasil batizado de Francisco (Chico). Acumulou dinheiro, minerando por conta própria e comprou sua alforria e a de seu filho. Depois de livre, comprou a mina da Encardideira — uma área de 80 m2 que ainda pode ser visitada — e, com o ouro, libertou outros escravos. Mas situação como essa, favorável ao escravo era exceção
11. A distribuição de escravos se fazia com a venda a prazo, como se fosse cabeça de gado, mediante a garantia da safra ou hipoteca da propriedade. Uma vasta rede de interesses, com raízes na Metrópole lusitana, e se expandia pelo comércio marítimo e interior, transformou a compra e venda do negro em grande negócio, só superado pelo açúcar e ouro nos séculos 17 e 18.
12. Transformado em “coisa”, o escravo negro foi levado à revolta, ou à imitação do branco o seu opressor. Na tentativa de fugir à sua condição de negro, passou a se autodenominar de “pardo”. Esse fenômeno social do oprimido tentar se identificar com o opressor, se observa em todos os povos subjugados cruelmente por um suposto ser “superior”.
13. Pardo, segundo Aurélio, [Do lat. (leo) pardus (por se considerar que pardus era um adj. referente às manchas de cor escura que distinguiriam o leopardo do leão), de um branco sujo duvidoso, cor entre o branco e o negro. Ora, nunca existiu tal etnia, mesmo porque está comprovado por estudos genéticos que a grande maioria do branco brasileiro, ao contrário do que muitos imaginam, tem fortes afinidades com o índio, não com o negro.
14. Não obstante o surgimento de uma corrente de abolicionistas da escravidão até 1866, no campo das medidas oficiais nada se empreendeu para alcançar a emancipação do negro, isto é, o gozo dos direitos civis. A abolição da escravatura declarada em 13 de maio de 1888, após 300 anos de escravatura não trouxe a emancipação do negro.
15. Continuou excluído da sociedade brasileira. A abolição da escravatura não foi seguida o parcelamento da propriedade com entrega de terras aos escravos, nem se providenciaram escolas de artífices e de educação. Substituiu-se, apenas, o escravo pelo mal assalariado, dentro do mesmo sistema cultural escravagista. “Deixaram-no estiolar nas senzalas, de onde ausentara o interesse pela sua antiga mercadoria, pelo gado humano de outrora. Executada assim, a abolição era um agonia atroz. Dar liberdade ao negro, desinteressando-se, como se desinteressando absolutamente de sua sorte, não vinha a ser mais que alforriar os senhores”, como bem disse Rui Barbosa.
16. Se o fenômeno de tentativa de “ embraquecimento” - a imitação do dominante branco- do negro é bem conhecido, há de se considerar o outro lado da moeda, a atitude superior do branco, a desqualificar instintivamente o negro, gerando graves conseqüências, impedindo a inclusão do negro na sociedade brasileira.
17. Assim, embora as estatísticas demográficas do IBGE mostrem que os “negros e pardos” compõem pelo menos a metade da população do país, economistas, sociólogos, jornalistas, políticos, professores, enfim, a intelligentsia brasileira, ou seja, os intelectuais considerados como classe ou grupo, ou, em especial, como uma elite artística, social ou política branca não se preocuparam com a desigualdade brutal entre negros e brancos no Brasil.
18. Paradoxalmente, já foram gastas toneladas de papel e tinta em torno da chamada “dívida social”, “desigualdade de renda”, Índices de Desenvolvimento Humano - IDH precarissimos- do Brasil, mas sem tocar na realidade dos negros, que se revela clamorosamente nestes dados.
19. A sociedade brasileira desconhece-os, com o obstinado acreditar na ideologia da “a incontestável superioridade do homem branco”, inclusive nos setores que se dizem “progressistas”, “de esquerda”, que se mostram sempre preocupadíssimos com desigualdade social do Brasil.
20. Significativo exemplo, entre milhares: - o conhecido professor de economia da Unicamp Márcio Pochmann, ao avaliar a desigualdade social do Brasil por meio dois indicadores relevantes:- o ensino médio e o superior, diz que 34% dos jovens entre 15 e 17 anos de idade estão matriculados. No Chile, 85% dos jovens nessa mesma faixa etária estão matriculados no ensino médio. E apresenta a sua solução:- Se o Brasil quiser apresentar o mesmo padrão em 2020, isto é, daqui a 15 anos, calculamos que cerca de 4,9 milhões de jovens, adicionais ao que já estão nas classes, vão precisar cursar o ensino médio. Isso significa o aparecimento de 149 mil turmas, o que exigiria 47 mil novas salas de aula e a contratação de 510 mil professores, etc. Tudo bem, não fosse o professor da Unicamp ter usado estatísticas relativas apenas ao segmento branco do país.
De fato, se tivesse usado dados referente à outra metade da população do país, o segmento negro, o seu diagnostico seria bem mais preciso e sua proposta de solução seria mais acurada: “com base no Censo, vários estudos como o "Mapa da cor no Ensino Superior brasileiro" do pesquisador Jose L. Petrucelli do IBGE, mostram desigualdades educacionais brutais. Com dados de 2000, ele mostrou que enquanto 22,7% dos brancos com 18 anos ou mais concluíram o Ensino Médio, somente cerca de 13% dos negros o fizeram. Só conhecendo a realidade poderemos saber se há desigualdade racial na educação e em que profundidade. E, mais importante, combatê-la e não ser conivente”.
21. Certamente, o prof. Pochmann não é racista, mas não se preocupou, por vício cultural, do básico, a desigualdade brutal do negro em face ao branco evidenciada nos indicadores da educação. Mesmo nos bolsões de pobreza e miséria urbana, os índices socioeconômicos do pobre e miserável branco são superiores aos negros-pardos. Não é uma questão de classe. Trabalhador branco de mesmo patamar socioeconômico do negro recebe salário bem mais elevado. Não sendo discriminado pela cor da pele, obtém mais facilmente lugar de trabalho.
22. Impõe-se, pois, que a realidade real do país seja revelada pelos índices socioeconômicos do segmento mais numeroso e mais excluído do país, o negro e pardo. É a partir daí é que devem ser analisados os índices socioeconômicos. Quaisquer outras políticas que não sejam dirigidas prioritariamente ao segmento negro, jamais alcançará a isonomia na sociedade brasileira. Só aumentará, claro, a desigualdade, o fosso entre brancos e negros-pardos.
23. A tão falada “dívida social”, sim, é devida unicamente aos negros. Foram eles que durante 300 anos construíram as bases econômicas do Brasil, em condições brutais de escravatura, a custo da completa exclusão da sociedade, impedidos de se educarem minimamente.
24. O negro é, pois, o único segmento populacional que ainda não foi pago pela construção do país chamado Brasil, agora, a 10. economia do planeta. Não fosse o trabalho do negro, continuaríamos ser a Terra dos Papagaios, a Pindorama, talvez, uma Bolívia maior, ou coisa parecida.
25. Neste cenário, as cotas de negros nas universidades, sobre as quais muito se fala nos dias de hoje é apenas um detalhe. Embora seja justa e necessária, irá ao encontro de uma minoria que conseguiu superar o gargalo no ensino fundamental e médio, podendo assim de candidatar à vagas nas universidades. Mas a massa da população negra continuará excluída.
26. Como bem diz o senador Cristóvão Buarque, a solução da dívida social é a educação. Sem educação, jamais será resolvida a questão social. Deste modo, impõe-se priorizar urgentemente a educação dos negros.
27. Prioritariamente por que importa a adoção imediata de um programa educacional para negros, fundamental e médio, resgatando afinal a dívida social que o país tem com os negros. Quanto mais rapidamente for implantado, mais rapidamente será encerrada a vergonhosa desigualdade socioeconômica existente no país. Enquanto a metade da população brasileira a negra e parda estiver alijada do processo de desenvolvimento jamais haverá no Brasil justiça social...e justo crescimento socioeconômico.
28. O pagamento efetivo da dívida social com o segmento negro-pardo do país, claro é um dever básico de justiça social. Não é privilegio algum. Importa reconhecer que, nós, brancos, estamos em débito com os milhões escravos africanos, cuja obra da construção do Brasil para o homem branco nunca foi paga, embora lhes tenha custado a precária e vergonhosa situação social em que vivem os seus descendentes em nossos dias. É isso.
domingo
Quilombolas estão nos EUA para celebrar a Consciência Negra nas Américas.
Por Adenilton Cerqueira
Sete representantes quilombolas brasileiros viajaram, no dia 15 de fevereiro, para os Estados Unidos, em visita patrocinada pela Embaixada Americana e pela Fundação Cultural Palmares. Eles vão representar o Brasil nas comemorações do Mês da Consciência Negra dos norte-americanos. O objetivo do grupo, formado por quilombolas de várias regiões do país, será a Celebração pelos Afro-descendentes nas Américas, que acontece no Congresso Nacional dos EUA com representantes de todo o continente americano.
Segundo Bernadete Lopes, diretora de Proteção do Patrimônio Afro-brasileiro, da Palmares, o principal objetivo deste encontro é aproximar os negros dos dois países. 'A gente parte do princípio que viajar é conhecer, aprender. E eles verão como vivem os negros de lá, onde o racismo é mais declarado', esclarece.
Entre os critérios para a seleção dos representantes brasileiros, segundo Bernadete, foi levado em consideração o fato de eles nunca terem viajado para o exterior. Líder de uma comunidade Quilombola de cerca de 720 famílias no município de Santa Luzia, na Paraíba, Luís Bento dos Santos diz que espera conhecer experiências das comunidades negras de outros países. 'Eu quero ver o desenvolvimento: de onde eles partiram e onde estão', afirma.
Segundo Bernadete Lopes, diretora de Proteção do Patrimônio Afro-brasileiro, da Palmares, o principal objetivo deste encontro é aproximar os negros dos dois países. 'A gente parte do princípio que viajar é conhecer, aprender. E eles verão como vivem os negros de lá, onde o racismo é mais declarado', esclarece.
Entre os critérios para a seleção dos representantes brasileiros, segundo Bernadete, foi levado em consideração o fato de eles nunca terem viajado para o exterior. Líder de uma comunidade Quilombola de cerca de 720 famílias no município de Santa Luzia, na Paraíba, Luís Bento dos Santos diz que espera conhecer experiências das comunidades negras de outros países. 'Eu quero ver o desenvolvimento: de onde eles partiram e onde estão', afirma.
O Projeto
O Projeto Manejo dos Territórios Quilombolas tem como beneficiários os cerca de seis mil descendentes de Quilombos que habitam comunidades rurais localizadas ao longo dos Rios Trombetas, Erepecuru, Cuminã e Acapu, no município paraense de Oriximiná.
Organizados na Associação das Comunidades Remanescentes de Quilombos do Município de Oriximiná (ARQMO), desde 1989, eles vêm lutando pela titulação de suas terras conforme garante a Constituição Federal. Nestes 12 anos de trabalho contam com a assessoria da Comissão Pró-Índio de São Paulo (CPI-SP). Como resultado deste esforço, 16 comunidades já tiveram as suas terras tituladas.
A partir das primeiras titulações, um novo desafio colocou-se para a ARQMO e para a CPI-SP: Como garantir o uso adequado dos territórios conquistados?
Os Quilombolas de Oriximiná desenvolveram um sistema produtivo que combina a prática da agricultura, caça e pesca de subsistência com a exploração extrativista, constituindo a coleta da castanha-do-pará uma de suas principais fontes de renda. Tal sistema econômico vem garantindo a sua sobrevivência através do uso sustentado dos recursos naturais há mais de um século.
Existe, porém, a necessidade de se buscar alternativas de geração de renda que possam garantir uma melhora nas condições de vida desta população e o atendimento às novas demandas.
Para responder ao desafio de otimizar a exploração dos territórios respeitando-se a cultura própria deste povo e garantindo o uso sustentado dos recursos naturais, foi que a Associação e a Comissão estruturaram, em 1998, o Projeto Manejo dos Territórios Quilombolas.
O Projeto Manejo dos Territórios Quilombolas tem como beneficiários os cerca de seis mil descendentes de Quilombos que habitam comunidades rurais localizadas ao longo dos Rios Trombetas, Erepecuru, Cuminã e Acapu, no município paraense de Oriximiná.
Organizados na Associação das Comunidades Remanescentes de Quilombos do Município de Oriximiná (ARQMO), desde 1989, eles vêm lutando pela titulação de suas terras conforme garante a Constituição Federal. Nestes 12 anos de trabalho contam com a assessoria da Comissão Pró-Índio de São Paulo (CPI-SP). Como resultado deste esforço, 16 comunidades já tiveram as suas terras tituladas.
A partir das primeiras titulações, um novo desafio colocou-se para a ARQMO e para a CPI-SP: Como garantir o uso adequado dos territórios conquistados?
Os Quilombolas de Oriximiná desenvolveram um sistema produtivo que combina a prática da agricultura, caça e pesca de subsistência com a exploração extrativista, constituindo a coleta da castanha-do-pará uma de suas principais fontes de renda. Tal sistema econômico vem garantindo a sua sobrevivência através do uso sustentado dos recursos naturais há mais de um século.
Existe, porém, a necessidade de se buscar alternativas de geração de renda que possam garantir uma melhora nas condições de vida desta população e o atendimento às novas demandas.
Para responder ao desafio de otimizar a exploração dos territórios respeitando-se a cultura própria deste povo e garantindo o uso sustentado dos recursos naturais, foi que a Associação e a Comissão estruturaram, em 1998, o Projeto Manejo dos Territórios Quilombolas.
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